Que saudades de lá ir e tudo funcionar exemplarmente em redor dos livros, e por causa dos livros. A certeza de encontrar, sempre, em cinco minutos, o livro de que precisava. O conforto, sofás, cadeiras, mesas para PCs, cafetaria, pátio interior, sempre lugares disponíveis, estantes e cotas de livros exemplarmente bem indicadas, nada de preencher papelada, entregar e ficar à espera (a não ser que o livro fosse raro). Eficiência e informalidade, o que interessa é o livro. Gosto mais do que da própria British Library, onde também ia muitas vezes, e que é absolutamente profissional, mas também muitíssimo mais impessoal e onde, para além disso, se pede um preço imoral por fotocópias e ainda ralham connosco (pus-me a tirar fotocópias a duas páginas de seguida, encaixando-as numa folha A4 para poupar dinheirinho, e veio logo uma British empertigada ter comigo, arrancando-me literalmente o livro das mãos e informando-me, de sobrancelha erguida e voz bem colocada, que ali, naquele estabelecimento, só se tira fotocópia a uma página de cada vez. E depois ficou ali especada, a vigiar a forma como eu tirava fotocópias, desconfiada da minha má índole). Mas enfim, beggars can't be choosers.
Esta querida biblioteca, apesar de ter este ar lúgubre e sóbrio, desenhada pelo mesmo arquitecto da Tate Modern (é daí que vem a torre), é mimosa e confortável por dentro, tem estantes bonitas nos corredores principais, e encerra em si todo (ou quase todo) o conhecimento de que precisamos, o que é um alívio e uma alegria. Sempre me deu tudo o que eu queria. A princípio meteu-me medo - " Mas como é que eu alguma vez me vou entender nesta coisa que mais parece um asilo para malucos", pensei eu. Era mesmo estúpida. Porém, devo admitir que o medo nunca desapareceu totalmente - para o fim da tarde, a biblioteca começava a ficar vazia e eu saía dali também, disparada, com medo que um qualquer psicopata escondido entre as sombras das estantes, maleficamente à espera, me tentasse matar, e depois eu gritava mas quem é que me ouvia naqueles corredores imensos e vazios, só os livros ali para me defender, e depois como é que era!).
Tenho tantas saudades da minha querida biblioteca.
Ó tempo, volta para trás. Volta lá. Volta lá.
Ó tempo, volta para trás. Volta lá. Volta lá.
Não estou a começar o ano lá muito bem.
2 comentários:
ai, também tenho saudades da biblioteca da minha antiga faculdade... grande, bem iluminada, bem frequentada. acabei agora mesmo de decidir que vou ficar em casa a estudar em vez que ir para a biblioteca possível cá da terrinha, porque a hipótese de ir para o "centro de documentação e arquivo" do "coiso" onde estudo nem se coloca.
enquanto lia o post, só pensava no cheiro delicioso que os livros devem ter ali. serei só eu a ter esta estranha fixação com o cheiro dos livros?
Ana Sofia, sem dúvida! O cheiro desta biblioteca é indubitavalmente aquele cheiro pesado a livros, é delicioso! Por acaso, queria ter escrito também sobre isso e esqueci-me.
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