quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Hello Kitty vs Dartacão

Como claramente se ilustra aqui, a vontade de escrever no blog aumenta proporcionalmente ao trabalho que se tem, de modo que aqui estou eu hoje, furiosamente a escrever no meu blog dedicado ao ócio, quando deveria estar a escrever, sim, mas coisas daquelas importantes, daquelas de trabalho.

Mas não estou. E o que me traz aqui é uma coisa importantíssima, verdadeiramente fundamental, que se prende com algo que me irrita muitíssimo e que a minha pobre cabeça não compreende, que é:



Mas o que é isto?! Mas o que é que se passa com as pessoas (não apenas miúdas, peço desculpa. Mulheres crescidas, também, é vê-las nem que seja com uma carteirinha foleira, um bloquinho de notas horroroso, uns penduricalhos com a Hello Kitty, bllllleaaaagh), dizia, o que se passa com as pessoas e esta gata?! Em primeiro lugar, o nome absurdo, Hello Kitty. Depois, faz-me espécie (expressão que adoro) que esta gata não seja um desenho animado, não seja uma BD, não seja um filme, não seja nada, apenas um desenho rudimentar de uma gata com um parvo lacinho que ostenta na "orelhinha". Além disso, não tem boca. Não tem. Como é que isto é possível? Pura e simplesmente, não pode falar, nem rir, nem sorrir apenas, nem chorar, nem transmitir valores de espécie alguma às criancinhas. Não sabemos se está bem disposta, se está mal disposta, não sabemos o que pensa do mundo e do que nele se passa, nem sabemos, sequer, se prefere carne ou peixe. Esta gata tem um problema, que é: tem graves barreiras ao nível da comunicação interpessoal. É a coisa mais asséptica e anódina que já vi.
Também não compreendo, aliás, porque é que as crianças gostam de uma gata que não faz nada e que não poderia nunca falar, mesmo que o quisesse fazer (o que eu duvido). Agora, se fosse o Dartacão, isso confesso que seria a primeira a andar por aí a ostentar a merchandising, porque adoro o Dartacão, e além disso o Dartacão fala, é um cão com nobreza, defende os valores da amizade, é muito formativo e saudável para crianças e também para adultos. Agora, esta gata... plamor de Deus. Qual é a piada? Será que é por ser "fofinha"? Eu bem sabia que tinha razão em opor-me veemente a tudo o que seja "fofinho", "queridinho" e em geral termine em "-inho", porque normalmente resulta nisto, em termos de aturar estas ofensas ao bom gosto, Hello Kitty e quejandos.
Em substituição de Hello Kitty (alguém que a atire escada abaixo nove vezes, se faz favor), o que proponho é isto:




Tenho tantas saudades do querido (não "queridinho", atenção) Dartacão, que fala, e luta contra os maus, e tem amigos, e defende "um por todos, todos por um", e faz coisas em geral, que até deixo aqui em baixo a música e tudo (o Dartacão também tem a sua própria música, outra coisa que a desgraçada da Hello Kitty não tem, além de não ter boca, safa, que impressão!). O Dartacão marcou indelevelmente a minha infância, com aquele genérico épico onde se lia "esta série, baseada no romance de Alexandre Dumas, " Os Três Mosqueteiros", pretende, através de suas divertidas personagens, ressalvar duas virtudes que nunca se devem olvidar: a Honra e a Amizade"! Assim é que é, ainda hoje me emociono com isto, se alguma vez a Hello Kitty diz estas coisas maravilhosas (pois é, não tem boca). Volta, Dartacão, volta, volta, ao menos em DVD.






DArtacao e os Tres Moscaoteiros -

5 comentários:

Daniel disse...

Nem sei que diga. Por um lado, é um alívio; por outro, fui trocado:

«Hello Kitty gosta de garotos amigáveis e simpáticos. O primeiro amor de Hello Kitty foi Dear Daniel, mas desde que Dear Daniel teve que ir para a África com seus pais, o garoto que ela gosta agora é Tippy, seu colega de classe da escola.»

Zorze disse...

Se soubesse da tua "adoração" pela gata, tinha-te mostrado a loja d Hello Kitty que há lá na terra. Um santuário de estupidez, portanto...

PapelParede disse...

Quando era mais nova, ou ainda mais pequena, uma das minhas tias tinha um hobby sui generis: fazer bolos de aniversário. Uns senhores bolos. Há 2 que recordo com especial ternura, um comboio todo ele feito de bolo e um bolo com o castelo do Dartacão. Eu sei que o Dartacão não tinha castelo, mas perdoam-se esses preciosismos a uma tia que passa um dia inteiro a fazer um bolo para a sua sobrinha predilecta. Ainda hoje tenho os bonecos que estavam junto ao Castelo. Cada vez que pego no do Dartacão lembro-me sempre da canção: afinal Dartacão, Dartacão, és tu e os teus amigos... Como é que uma gata sem boca seria capaz de cantar isto a plenos pulmões?

Rita F. disse...

JB, é isso, rir para não chorar.

Daniel, poderia por favor partilhar comigo onde encontrou esse texto tão... vou chamar-lhe "surreal" porque não tenho mesmo um adjectivo para ele. Acho que essa história da Hello Kitty ir com os pais para África desafia qualquer tipo de qualificação.

Zorze Caetano, ir ver a gata em vez da esplanadex e torrar ao sol ao som do açúcar das bolas de berlim? Como é isso?

Papel de Parede, a história do castelo do Dartacão é deliciosa. Literalmente (assumo que o bolo estivesse muito bom) e figurativamente também.

Anónimo disse...

Eu sei que é difícil de acreditar mas descobri que tinha estado envolvido (digamos assim) com a Hello Kitty, num site de fotografia e pintura muito bom que parodiava a separação deles (nossa, digamos assim). Depois, já sem desculpa nenhuma que me salve, e procurando saber mais, numa escalada de más decisões, fui parar a este site: http://www.cutekitty.com.br/i_perfis.php

Estou, naturalmente, arrependido.