terça-feira, 6 de janeiro de 2009

8 constantes da vida para 2009

A princípio pensei que não fosse capaz de responder ao desafio simpático da S.M., mas acho que afinal até consigo. Tenho de revelar oito sonhos para 2009, embora seja uma tarefa mais complicada do que parece. Mas vou tentar.
Assim, à partida, diria que os meus sonhos para este ano, sem nenhuma ordem em particular, são:


1) ser a melhor amiga de Woody Allen, aquele tipo de amiga que ele até menciona nas entrevistas; por exemplo, perguntam-lhe "Sr Allen, como é que se lembrou de fazer um filme tão profundamente brilhante, que disseca toda a problemática existencial da vida humana até ao seu mais escondido âmago e responde a todas as questões que atormentam a humanidade há séculos, e que mesmo assim tem imensa piada, aliás, é até hilariante, ainda mais hilariante do que o Bananas, e ainda mais mimoso e querido do que Annie Hall?", e ele responde, "Olhe, foi tudo ideia da minha amiga Rita. A minha amiga Rita é linda. Gosto mais de falar com ela do que com qualquer outra pessoa. Ela admira muitíssimo o meu intelecto pessimista e o meu humor impecável, e adora em absoluto os meus filmes, e eu acho que ela é a pessoa mais espectacular de sempre, a fonte de toda a minha inspiração, de modo que nos damos muito bem. Queria deixar aqui bem claro que a minha amiga Rita é imprescindível à minha vida, até mais do que a minha própria mulher e filhos. Aliás, a minha mulher também foi minha filha... aaaaaah... se não fosse a minha amiga Rita, eu já tinha perdido a sanidade mental". (o que posso eu fazer, o Woody precisa de mim, só que ainda não sabe)


2) comer chocolate belga e charlotte de chocolate belga (e com natas frescas, não com arraçados de chantilly, atenção!) e em geral tudo o que contenha chocolate belga à vontade sem ficar com dor de barriga e sem engordar


3) "peace to my black and empty heart", como canta a grande PJ Harvey, e já agora, peace não só para o meu coração, mas assim para o coração do mundo em geral, que precisa ainda mais do que eu (qualquer semelhança entre isto e os discursos muitíssimo inteligentes das misses é pura coincidência)


4) tentar ler o Ulysses (e conseguir acabar o livro e gostar, porque não)


5) ler tudo o que há para ler de F. Scott Fitzgerald


6) conseguir ver o Exorcista à noite, na cama, com a luz apagada e ficar sobressaltada, mas não ter medo (o máximo que consegui até hoje foi ver o Exorcista às seis da tarde e acabar mais ou menos às oito, e já com a luz bem acesa. Este filme é grande filme de terror, sem dúvida nenhuma)


7) apaixonar-me por Portugal, mas não aquela paixão idiota que nos faz ver tudo cor-de-rosa e elimina o sentido crítico; antes, quero o afecto que nos faz gostar tanto que queremos sempre mais e melhor para o objecto da nossa afeição. A ver se este ano a coisa se dá.


8) que todos estes sonhos se cumpram, e mais alguns (acabar a tese e tal também calhava bem, mas este não pode ser sonho, tem de ser mesmo facto consumado, de modo que só o incluo nesta lista a 50%, não na sua totalidade)


Acho que é mais ou menos isto.

2 comentários:

José Bandeira disse...

1) Li algures – não recordo onde, mas era classy stuff, só pode, New Yorker ou Metro ou isso :), mentira, foi numa antologia de entrevistas com o Woody Allen, um episódio contado pela Goldie Hawn. Ela tinha uma espécie de casting, uma entrevista preliminar para o papel de Steffi em ‘Everybody says I Love You’. Entrou, muito nervosa, na salinha que lhe indicaram, sentou-se, e do nada apareceu o Woody Allen (desculpe a vírgula antes da copulativa, não consigo evitar). Ele sentou-se também e ficou simplesmente a olhar para ela. Após uns largos, muito largos minutos de embaraçoso silêncio, ele disse: ‘Acha que podia sair da sala? Não sou capaz de lhe perguntar nada enquanto estiver aí’.

4) Que bom saber que não sou o único a escrever o título ‘Ulysses’ na grafia original. Confesso que faço isso por achar que o livro tem tanto a ver com o Ulisses (ou com a Odisseia, já agora) como eu com um Ford Mondeo ou o Brad Pitt, mas nem toda a gente entende este tipo de pedante honestidade.
Ulysses é mesmo um pau-de-sebo, dá luta, mas a gente apega-se-lhe.

Rita F. disse...

Obrigada por me contar a história da Goldie Hawn. Se calhar a Goldie Hawn tornou-se a melhor amiga do Woody Allen, não tendo ele "precisão" de mim. Que pena.
Da mesma forma que faz sentido escrever "Ulysses", também faz muito sentido vírgula antes de copulativa. Pessoalmente, e como nunca concordei com esta regra gramatical, sou adepta da vírgula antes de copulativa,e nunca desmereço um texto que faz uso dela (da vírgula antes de, etc.).