de um Marquês com muito para contar...
um pouco de mim, dos meus pensamentos,
dos meus amores e desamores,
para todos aqueles
de coração aberto e mente arejada...
17 Agosto 1768, 13h00
A rapariga de hoje teve piada. Era a Alphonsine, de lá debaixo, da aldeia. Girinha, saudavelzinha, rosadinha, porreirinha, correu tudo lindamente.
17 Agosto 1768, 13h30m
A rapariga de hoje teve piada. Era a Madame de Laclos, do castelo aqui ao lado. Girinha, cheia de rendas e laçarotes, perfumadinha, porreirinha, correu tudo lindamente.
17 Agosto 1768, 14h00m
A rapariga de hoje teve piada. Era uma criadinha aqui da minha casa. Girinha, gordinha, a cheirar a bolinhos, porreirinha, correu tudo lindamente.
17 Agosto 1768, 14h30m
A rapariga de hoje teve piada. Era a minha mulher, que vive aqui comigo e que descobriu da criada. Girinha, caladinha, acabou por ficar porreirinha, correu tudo lindamente.
17 Agosto 1768, 15h00
A minha mulher não me deixa em paz. Voltou a abrir a matraca para resmungar por causa da criada. Não sabe ela da missa a metade, e mesmo assim só sabe chatear um gajo. Eu já me fartei de lhe dizer, "Ó senhora, mas não vê que eu sou um libertino! Matai-me ou aceitai-me tal como sou, porque nunca mudarei!", e ela mesmo assim sempre a chatear. Anda por aí a falar, qualquer dia ainda vou mas é parar à Bastilha.
19 Agosto 1768, 10h00
Pronto, vim mesmo parar à Bastilha, estou aqui no PC da biblioteca deles a actualizar o blog, para ver se escrevo qualquer coisa. E agora, pá? Já tinha uma data de coisas acertadas com o Conde de Lacoste para a gente ir fazer uma ronda a uma aldeia que ele conhece, que era para depois levar o pessoal todo para aquele chateau que eu já aluguei, grande festarola já toda preparada, e é que ainda por cima tenho o aluguer pago e tudo, e à conta da festarola eu queria ver se escrevia um livo a contar tudo, pelo menos os primeiros 120 dias da festarola (dá jeito serem 120 dias, é o título do livro). Até já tinha uma editora em vista. Bem, isso também se resolve, se não escrever o livro pode ser que consiga publicar o que escrevi aqui no blog, os primeiros 120 posts.
A rapariga de hoje teve piada. Era a Madame de Laclos, do castelo aqui ao lado. Girinha, cheia de rendas e laçarotes, perfumadinha, porreirinha, correu tudo lindamente.
17 Agosto 1768, 14h00m
A rapariga de hoje teve piada. Era uma criadinha aqui da minha casa. Girinha, gordinha, a cheirar a bolinhos, porreirinha, correu tudo lindamente.
17 Agosto 1768, 14h30m
A rapariga de hoje teve piada. Era a minha mulher, que vive aqui comigo e que descobriu da criada. Girinha, caladinha, acabou por ficar porreirinha, correu tudo lindamente.
17 Agosto 1768, 15h00
A minha mulher não me deixa em paz. Voltou a abrir a matraca para resmungar por causa da criada. Não sabe ela da missa a metade, e mesmo assim só sabe chatear um gajo. Eu já me fartei de lhe dizer, "Ó senhora, mas não vê que eu sou um libertino! Matai-me ou aceitai-me tal como sou, porque nunca mudarei!", e ela mesmo assim sempre a chatear. Anda por aí a falar, qualquer dia ainda vou mas é parar à Bastilha.
19 Agosto 1768, 10h00
Pronto, vim mesmo parar à Bastilha, estou aqui no PC da biblioteca deles a actualizar o blog, para ver se escrevo qualquer coisa. E agora, pá? Já tinha uma data de coisas acertadas com o Conde de Lacoste para a gente ir fazer uma ronda a uma aldeia que ele conhece, que era para depois levar o pessoal todo para aquele chateau que eu já aluguei, grande festarola já toda preparada, e é que ainda por cima tenho o aluguer pago e tudo, e à conta da festarola eu queria ver se escrevia um livo a contar tudo, pelo menos os primeiros 120 dias da festarola (dá jeito serem 120 dias, é o título do livro). Até já tinha uma editora em vista. Bem, isso também se resolve, se não escrever o livro pode ser que consiga publicar o que escrevi aqui no blog, os primeiros 120 posts.
Raio da minha mulher, eu bem sabia que ela me ia complicar a vida. E agora, pá... queridos leitores, se lerem isto falem com o Lacoste para ver se ele consegue o dinheiro do depósito de volta, que eu estou mesmo a ver que tão cedo não saio daqui!
20 Agosto 1768, 10h00
Bem, a minha sogra é uma bruxa do pior. Quer dizer, quando foi para casar com a filha dela, tudo bem, para isso eu era só Marquês e não era libertino (e eu sempre a avisá-la, "ó senhora, olhe que eu sou libertino", e ela a insistir, que fazia gosto que a filha se casasse com um marquês), e agora, que estou aqui na prisão, ela ainda a fazer pior, quer ver-me em tribunal, enxovalhado, quer que eu morra aqui. Queridos leitores, vocês que gostam do meu blog, apoiem-me se fazem favor, arranjem-me uma petição online que é para ver se eu ainda vou a tempo da tal festa no chateau, tanto trabalho a organizar aquilo...
Hei-de escrever cada livro que há-de pôr as orelhas da minha sogra a ferver. Cá se fazem, cá se pagam, minha linda, portanto se estiveres a ler isto ficas a saber.
Agora tenho de me ir embora, o guarda aqui da prisão diz que eu tenho de ir fazer a minha cama (enxerga, quer ele dizer) e limpar a minha cela. LOL! Ele ainda não percebeu bem quem eu sou. Ai se eu te apanho lá fora, filho...
14 Julho 1789, 19h37m
Bem, ó leitores, lá consegui sair da prisa, mas quer dizer, graças a vocês é que não foi! Mas agora também já não é preciso fazerem nada, porque estes revolucionários são do melhor e ficaram todos contentes com o meu apoio. Já não posso ser Marquês, tenho de ser só cidadão, mas tudo bem. Agora é que vai ser o deboche a valer! Para este pessoal da revolução, não há regras nenhumas. Nem a Maria Antonieta pouparam, e isso eu por acaso tive pena (tive pena, vocês acreditem que sim! Tive pena pela primeiríssima e única vez na vida), porque sempre achei que aquela Maria Antonieta tinha um je ne sais quoi que eu gostaria de levar para o meu chateau e tal, mas pronto, agora não vai dar. Estes tipos da revolução, também, são um bocado exagerados, até eu acho que são.
10 Outubro 1803, 14h47m
Haja pachorra, pá, haja pachorra! Agora é este Napoleão, este Bonapartezeco, que me vem chatear! Era o que mais me faltava. Agora mandou-me prender. Diz que não gosta da Justine. Pois não gosta, se ele gostasse é que eu me surpreendia, aliás, se ele gostasse nem eu tinha escrito a Justine. Eu tentei falar com este Bonapartezeco, eu disse-lhe: "Senhor, em duas palavras dir-lhe-ei o que sou: orgulhosa ira, tudo levando ao extremo, de um desajustamento do pensamento face aos costumes que não tem igual, ah, e ateu até ao fanatismo. OK?". Mas ele é lá capaz de respeitar as opiniões dos outros. Agora estou para aqui num asilo de porcaria, estou outra vez preso, pá! Mas vocês acreditam nisto? Leitores, toca a mexer, olhem que eu desta vez quero sair daqui... tenho umas festarolas organizadas no chateau, vocês podem ir. Vá. Toca a mexer. Tirar o Marquês daqui.
Agora tenho de me ir embora, o guarda aqui da prisão diz que eu tenho de ir fazer a minha cama (enxerga, quer ele dizer) e limpar a minha cela. LOL! Ele ainda não percebeu bem quem eu sou. Ai se eu te apanho lá fora, filho...
14 Julho 1789, 19h37m
Bem, ó leitores, lá consegui sair da prisa, mas quer dizer, graças a vocês é que não foi! Mas agora também já não é preciso fazerem nada, porque estes revolucionários são do melhor e ficaram todos contentes com o meu apoio. Já não posso ser Marquês, tenho de ser só cidadão, mas tudo bem. Agora é que vai ser o deboche a valer! Para este pessoal da revolução, não há regras nenhumas. Nem a Maria Antonieta pouparam, e isso eu por acaso tive pena (tive pena, vocês acreditem que sim! Tive pena pela primeiríssima e única vez na vida), porque sempre achei que aquela Maria Antonieta tinha um je ne sais quoi que eu gostaria de levar para o meu chateau e tal, mas pronto, agora não vai dar. Estes tipos da revolução, também, são um bocado exagerados, até eu acho que são.
10 Outubro 1803, 14h47m
Haja pachorra, pá, haja pachorra! Agora é este Napoleão, este Bonapartezeco, que me vem chatear! Era o que mais me faltava. Agora mandou-me prender. Diz que não gosta da Justine. Pois não gosta, se ele gostasse é que eu me surpreendia, aliás, se ele gostasse nem eu tinha escrito a Justine. Eu tentei falar com este Bonapartezeco, eu disse-lhe: "Senhor, em duas palavras dir-lhe-ei o que sou: orgulhosa ira, tudo levando ao extremo, de um desajustamento do pensamento face aos costumes que não tem igual, ah, e ateu até ao fanatismo. OK?". Mas ele é lá capaz de respeitar as opiniões dos outros. Agora estou para aqui num asilo de porcaria, estou outra vez preso, pá! Mas vocês acreditam nisto? Leitores, toca a mexer, olhem que eu desta vez quero sair daqui... tenho umas festarolas organizadas no chateau, vocês podem ir. Vá. Toca a mexer. Tirar o Marquês daqui.
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