Reparei que alguns falantes portugueses têm um problema de pronúncia e que talvez precisem de terapia de fala. Estes falantes são normalmente jovens nacionais-cançonetistas ou jovens que ganham a vida a "representar" nos Morangos com Açúcar. O problema de fala concentra-se fundamentalmente na pronúncia das consoantes oclusivas linguodentais, vulgo "t" e "d", que eles insistem em tornar sibilantes: "Entsão, tsudo bem contsigo? Tfona, tsiz-me qualqué coisa, tsá bem?"
Outro problema em que reparei, e que não se relaciona necessariamente com este, é a mania que as pessoas agora têm de juntar "lá" ao "desculpe". "Olhe, desculpe lá, dê-me licença", "desculpe lá, dê-me um café", "desculpe lá, isto não pode ser assim", etc. O "desculpe" já cumpre as funções que tem a cumprir, não é preciso juntar o "lá", que torna a frase feia e mais informal. As pessoas, no fundo, têm vergonha de serem delicadas, devem pensar que lhes caem os parentes na lama, como se costuma dizer. Não basta recorrerem ao "você" permanentemente, ainda insistem no "lá". Se pensarmos bem, "lá" estraga todas as nossas tentivas de mostrarmos algum cuidado para com a outra pessoa: "ouça lá" ao invés de "ouça", ou "desculpe lá" ao invés de "desculpe", é bastante mais intrometido e desleixado.
Este país não tem futuro.
1 comentário:
o "lá" já não é de agora, sempre me lembro de o ouvir e tens razão, é como se pedir desculpa nos torna-se menos importantes, porque de facto somos todos demasiado importantes para pedir desculpa aqui e não lá.
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