quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Coração partido


Os meus gostos musicais começaram a apurar-se a partir da adolescência, altura em que comecei a ouvir muito a sério Beatles, mas não só Beatles, também outras bandas menos brilhantes mas muito decentes. Bandas que eu gosto de ver a trabalhar, digamos (expressão engraçada: "gosto muito do seu trabalho", "gosto muito de o ver a trabalhar"). Entre essas bandas, conta-se Lloyd Cole and the Commotions, que no fundo não é uma banda, mas sim apenas um artista a solo, o frontman Lloyd Cole. Devo dizer que aos Commotions nem lhes conheço a cara.


Gosto de Lloyd Cole por vários motivos. Primeiro, porque sendo um artista decente, nunca teve grande reconhecimento, e eu gosto de sentir que pelo menos há alguém (eu) que lhe faz justiça. Em segundo lugar, porque escreveu canções muito boas. Deixei de o ouvir a partir de "Don't get weird on me baby", ou seja, a partir de 1991 (?), o que me faz sentir velhíssima e revela igualmente que, de facto, as coisas mais recentes de Lloyd Cole, se existem, não me têm interessado assim muito. Mas as velhas interessam. Nomeadamente, a canção "Are you ready to be heartbroken", que voltei a ouvir há cerca de um mês e que agora, como se diz na Radar, ando verdadeiramente a ouvir em repeat.

Além de gostar destes "blasts from the past" daquelas canções que não ouvíamos há anos, além de reconhecer, com alguma satisfação pessoal, que afinal aquilo que eu ouvia quando era mais pequena não era de todo assim tão mau, é engraçado como, nos dias de hoje, esta canção tem muito mais a ver com a minha vida do que naquela altura longínqua da adolescência. É uma canção que fala da perda de ideiais, quanto a mim. E por isso é que é heartbreaking. A perda é sempre dolorosa. Perder uma pessoa custa muito. Perder o entusiasmo puro em ideias que acreditámos ter o poder de mudar o mundo também. E, portanto, a canção de Lloyd Cole é muito boa porque, ao contrário do que o título sugere, não é (ou não é apenas) sobre o amor que acaba, a solidão, e quejandas lamechiches. É sobre coisas bem mais profundas, acho eu. Apesar de Lloyd Cole também escrever muito bem sobre o amor que acaba e quejandas lamechiches (No Blue Skies, por exemplo).
O mundo é muito forte, e normalmente age a nosso desfavor. Eu não sou forte como o mundo, e a maior parte das pessoas também não deve ser. Também não sou fraca, mas não sou tão forte como o mundo, e isto é uma verdade insofismável, das poucas que a minha idade muitíssimo provecta me deu. Mas estou a tentar ser muito forte. Entretanto, vou ouvindo o meu passado e as canções que fizeram parte dele para ajudar.

Para terminar, devo dizer que este post ficou piroso e tem expressões inglesas misturadas com o português, que eu verdadeiramente abomino mas que não consigo evitar, mas que mesmo assim vou publicar o post.

E, para terminar verdadeiramente, e porque não consegui encontrar um vídeo como deve ser desta canção, deixo a letra:

Looking like a born again
Living like a heretic
Listening to Arthur Lee records
Making all your friends feel so guilty
About their cynicism
And the rest of their generation
Not even the government is gonna stop you now
But are you ready to be
heartbroken
Are you ready to be
heartbroken
Pumped up full of vitamins
on account of all the seriousness
You say you're so happy now
you can hardly stand
Lean over on the bookcase
if you really want to get straight
Read Norman Mailer
or get a new tailor
Are you ready to be
heartbroken?
Are you ready to be
heartbroken?
Are you ready to bleed?
What would it take
what would it take to wipe that smile off of your face?
Are you ready to be, are you ready to bleed?
Are you ready to be heartbroken?
Are you ready to bleed? (heartbroken)
Well you better get ready now baby
Ready to bleed, ready to bleed

1 comentário:

~PakKaramu~ disse...

Hallo there

I am from Malaysia

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