Fui ver a Amália, isto é, o filme. Não estava à espera de grande filme, como de facto não é (apesar de ter gostado dos actores), mas como é a Amália, fui ver, porque esta senhora é outra daquelas que eu gosto de pensar que faz parte das "minhas gajas" (aliás, é uma indecência já ter falado sobre a Edith Piaf e ainda não ter falado da Amália, mas enfim).
A razão pela qual gostei de ver o filme deveu-se ao facto de ter tido direito à versão comentada. Como se percebe, a maior parte da audiência do filme compunha-se de pessoas mais velhotas, especialmente senhoras, que pareciam muito empolgadas com a versão cinematográfica da vida de Amália. Pareciam, e estavam. Por exemplo - em nova, Amália casa-se com um garboso rapaz que não faz corresponder a beleza ao bom feitio, de modo que é um bruto. Em determinada cena, vira-se para Amália a gritar: "Tu andas-me a pôr os cornos, não andas?", ao que responde uma senhora na sala, ainda antes da própria Amália: "Era mas era o que tu merecias!" Mais tarde, Amália zanga-se com um namorado e atira-lhe com um sapato à cara, que por pouco não lhe acerta - "Toma que já levaste!" Mais à frente, Amália conhece Salazar - "Iiiia pá....o Salazar! Olha que bonito que tá, o Salazar... olha que lindo!" Entretanto, nos interestícios de casas de fados, amores e desamores, Amália recebe uns lindíssimos brincos de um pretendente de altíssimo gabarito. Ri-se e aceita-os, contente, mas logo a senhora atrás de mim esclarece: " Na, na... ela atira-os à cara! Ela ia a pôr, mas depois disse que não queria e atirou-os à cara! Atirou-os à cara!"
E, deste modo, fiquei a saber a verdadeira história da vida de Amália.
E gostei bastante.
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