quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Let me count the ways in which I love thee...?

Além das terças-feiras, além de 2008, eu tenho ainda um outro problema. Um problema que presumo ser comum, sobre o qual sei que muita gente já escreveu, e que portanto me torna também num grande lugar-comum. Mas isso eu já sabia.
O meu problema é: não consigo dizer às pessoas que gosto delas. Embora goste, e muito. Quanto mais gosto, menos consigo dizer. Sinto-me muito desconfortável, e todos os sinais de carinho com que me acenam enchem-me de uma alegria imensa, mas que me impede de agir, não sei porquê. Se me telefonarem, se me mandarem um email, fico tão contente, mas ao mesmo tempo tão sem saber o que fazer, tão incapaz de lhes dizer "também tenho saudades tuas", "também gosto muito de ti", ou simplesmente "quero ver-te". É tão difícil.
Não percebo porque é que é tão difícil. Gostava de ser capaz de, agora mesmo, pegar no telefone e percorrer todos de quem gosto, só para lhes dizer que gosto deles e mais, que preciso deles para continuar a ter uma vida decente. Mas não sou capaz.
Curiosamente, sou capaz de escrever esta lamechiche ao deus-dará, na Internet, para toda a gente ler. Portanto, quem estiver a ler isto, e for daquelas pessoas de quem eu gosto, fica a saber que eu gosto muito dela ou dele. Ao menos isso.
Se continuar assim, tenho perfeita consciência que fico como aquele poema do Borges (diz-me a Internet que é apenas falsamente atribuído a Borges) em que ele desfia tudo o que gostaria de ter feito e não fez, para depois concluir "mas tenho 85 anos e sei que estou a morrer". Ou seja, já não vai dar.
Mas para mim talvez ainda dê, porque apesar da minha idade respeitável, ainda estou muito longe dos 85 anos. Ou não, as pessoas estão sempre a dizer que a vida passa a correr.
De qualquer forma, nada muda o facto de ser tão difícil. É tão difícil, resolver este problema. O que é que se passa comigo, estou cada vez mais lamecha, odeio ser lamecha, mais outro problema a resolver, agora já são as terças, 2008, ser verbalmente limitada e a lamechice, ai, e agora...

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