Gosto de Saramago, ou melhor - gostei de todos os livros que li de Saramago, que não foram muitos. Gosto das histórias que Saramago conta, gosto da forma como trabalha a linguagem, como a torna bonita, como a sua famosa pontuação dá um ritmo bonito, fluido, uma respiração, ao que a história conta. Gostei muito, muito, muito do Nobel, claro, mas ficaria feliz por qualquer escritor português que tivesse recebido o Nobel.
Não percebo a razão de Saramago ser constantemente julgado por ser comunista, ou por ser desagradável, como às vezes se diz que ele é, ou por ainda andar a falar da questão com o Sousa Lara (o caso foi uma vergonha, o homem foi ofendido, e se optou por permanecer ofendido, paciência; Saramago ofendido tem direito a ser respeitado, já o mesmo não se podendo dizer de quem perpretou a ofensa), ou assim ou assado. Já escrevi aqui sobre o que penso acerca do lado certo da história, das opções políticas do artista, e se isso se relaciona ou não com a literatura. Na minha humilde, humildezinha mesmo, opinião, acho que se relaciona se for um bónus, caso contrário deve ignorar-se. Portanto, não percebo tanto afinco em criticar as opções políticas, ou de vida pessoal, de Saramago; ele que faça o que entender, que pertença ao partido que quiser. Escreve bem - e a discussão deveria ficar por aqui.
Ainda há pouco tempo ouvi alguém queixar-se do facto de as pessoas, hoje em dia, não saberem escrever, de fazerem pontuação "à Saramago". Não consigo ouvir isto. Sei que é um exagero, mas parte-me o coração, verdadeiramente.
Queria eu conseguir fazer pontuação à Saramago. Queria eu.
Será que dá para aprender e depois ganhar o Nobel? É um sonho que acalento.
3 comentários:
Eu gosto muito do Saramago, nao só do que escreve, mas do que diz também. E mesmo que diga uma ou outra coisa menos pensada ou impulsiva, a maioria do que diz ou escreve no seu blog O Caderno do Saramago faz-me admirá-lo ainda mais.
Irritam-me as pessoas que falam mal dele mas nunca se deram ao trabalho de ler entrevistas estrangeiras dele (ou ver) e muito menos ler um livro. Falam daquilo que vêm na TV, e neste caso particular do Saramago, falta-me a paciencia. Muitas pessoas sao desinformadas e dadas a telenovelas (adoram ter de quem falar). Ele é, fora do país, o maior representante cultural de Portugal, o que nao é coisa pequena. E realmente admiro-o muito.
Mais uma (rara...lol) vez estamos de acordo. Eu gosto muito de Saramago. E falo com (alguma) propriedade. Li uma boa parte da sua obra, fiz trabalhos de Faculdade sobre vários dos seus livros... E sim, quem me dera escrever "à Saramago". Significando isso "escrever bem". Ou será preferível escrever como certos "modernos" que não vão, certamente, passar à História, limitando-se a algumas estórias de linguagem duvidosa???
Enfim, cara Rita, devo dizer que não te comento mais vezes porque não te consigo acompanhar, mulher, tu escreves que te fartas :)
Espero conhcer-te quando voltar a visitar a tua estimada tia...
Beijinh@s
Ecila, concordo também, inteiramente. Obrigada pelo comentário, mais uma vez.
S.M., concordo também inteiramente, especialmente com essa forma de desprezo com que te referes aos "modernos", eh eh eh. :D
Eu se calhar escrevo muito,mas gosto muito de escrever, e portanto escrevo, umas vezes pior, outras melhor, mas o que me interessa é mesmo escrever. É a minha terapia, digamos. Pode dizer-se que sim. :)
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