Eu não acho que seja. Quando as pessoas me dizem ser "ambiciosas", ou que a "ambição" é uma qualidade que se deve ter e preservar nesta vida, eu fico sempre dividida relativamente à reacção que devo ter, porque por um lado a "ambição" dá-me vontade de rir, por outro dá-me alguma tristeza.
Dá-me vontade de rir, mesmo muita, às vezes incontrolável, porque a "ambição" lembra-me de pessoas tipo Donald Trump que, e basta olhar para o cabelo deste homem, podem ter contas bancárias recheadas, mas nada altera o profundo ridículo que os cobre. O Donald Trump deve ser o homem mais ridículo que eu já vi na televisão a seguir ao Emplastro ou ao Zé Cabra; não sei, o cabelo, aquele meio palmo de cara de meia idade muito franzida a fingir que é mau, a mulher-boazona-troféu pelo braço, a Trump Tower nova-rica, enfim, o estereótipo do ridículo. Mas depois dizem-me, "ah, mas o Donald Trump está cheio de dinheiro e tu não, ah, mas o Donald Trump tem uma mulher toda boa e tu não", e é verdade, embora esta última aspiração não me diga grande coisa.
A ambição também me dá, por outro lado, tristeza, que é um sentimento que é nefasto. Ouço, normalmente, "ambição" aliada a "sucesso", outro vocábulo que me confunde e que me arrepia, e isto vindo de pessoas que, podendo ser ambiciosas, não me parece que tenham grande sucesso, de modo que não sei de que lhes serve a tal "ambição".
A ambição é talvez um consolo para aqueles que querem ter "sucesso" mas não conseguem, e estão metidos num beco sem saída, porque não me parece que as pessoas preocupadas com o "sucesso" tenham de facto sucesso na vida. E isso acaba por ser triste, ver as pessoas convencidas que esta tal "ambição" lhes vai conquistar o tal "sucesso" que elas delinearam mentalmente, e depois não dá em nada.
Mas talvez seja a minha concepção de "sucesso" que falha, e não a destas pessoas tão ambiciosas.
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