Bom, venho aqui expressar algo que há muito queria já ter expressado, e que é a minha completa admiração por Truman Capote, de quem sou fã, fã, fã. Quando era pequena, e não sei porquê (quer dizer, talvez até saiba), confundia este nome com Tenessee Williams, mas agora já sei muito bem distinguir um do outro. Nunca li nada de Tenessee Williams, mas já vi filmes com argumentos seus, de modo que quero muito lê-lo; voltando a Truman Capote, sou fã, e isto apesar de ter apenas lido In Cold Blood. Não li, nem nunca lerei, Breakfast at Tiffany's, porque detesto o filme, e devo confessar que sinceramente, se há algo que a Audrey Hepburn me transmite é irritação, com aquela carinha laroca e fofinha e queridinha e aquela parvoíce de passar o filme com tiradas em francês. Como o filme me irrita bastante, duvido que venha a ler o livro, mas quanto a In Cold Blood, meu Deus, que portento de livro. Tão bem escrito, tão poderoso, tão bem argumentado, que manipulação tão bem feita (manipulação, sim, porque faz com que o leitor desenvolva uma simpatia, e até empatia, com o criminoso Perry impossível de evitar), que ilustração tão eficaz, tão viva, das pessoas que, como Capote dizia, entraram na vida pela porta das traseiras. E depois aquele retrato do interior dos Estados Unidos, aquela vidinha isolada, meios pequenos, toda a gente se conhece, embora vivam no meio de nenhures, naquelas quintas tipo o Kansas da Dorothy no Feiticeiro de Oz. Que gente tão estranha.
Como género, In Cold Blood também me interessa, na medida em que, como romance documental, ou romance não ficcional, ou o que seja, mistura ficção com realidade, investigação e factos reais, o que me parece muito produtivo. É precisamente devido a esta mescla de invenção com realidade, que é igualmente um desafio ao nível da escrita pelo registo ambíguo que exige (não é bem texto jornalístico, não é bem romance ou ficção), que Capote, com o seu In Cold Blood, me parece tão interessante.
Estou agora a ler Answered Prayers, que Truman Capote não conseguiu terminar, e, estando apenas no princípio, o cinismo incontido e a desilusão, curiosamente bem humorada, desta obra fascinam-me. É um livro recheado de verdades amargas, mas tão sarcásticas e engraçadas que se tornam irresistivelmente atraentes, como ilustra, acho eu, o excerto que deixo aqui, e que se refere a uma escritora da moda, Alice Lee Langman, daquelas que, na vida real, ficaria sempre bem ler e dizer que se gosta:
She was not afraid of thunder, nor of anything else - except unreturned love and commercial success. Miss Langman's exquisite renown, while justified, was founded on one novel and three short-story collections, none of them much bought or read outside academia and the pastures of the cognoscenti. Like the value of diamonds, her prestige depended upon a controlled and limited output; and, in those terms, she was a royal success, the queen of the writer-in-residence swindle, the prizes racket, the grant-in-aid-to-struggling-artists shit. ...Miss Langman, like those circus midgets who lose their living if they grow an inch or two, was ever aware her prestige would collapse if the ordinary public began to read and reward her.
Muito arguto, o Truman. Este excerto não me parece nada ficcional.
2 comentários:
Experimenta "A Harpa de Ervas", também gostei muito.
Quando é que me contas as novidades? Estou cheia de curiosidade. ;)
Ó miúda, quer dizer, agora tenho de andar a falar consigo através aqui do blog?
Olhe, mandei uma sms a você. Veja lá se recebeu. :**
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