Sou uma pessoa hiper-sensível à linguagem, e em particular às formas de tratamento da língua portuguesa. Algumas pessoas fazem alergia ("há-lér-gia", como às vezes se ouve, apresentando grande comicidade, pelo menos quanto a mim) aos lacticínios, outras às nozes, outras aos morangos; eu faço "hálér-gia" às formas de tratamento, mormente a forma "tu" (para além, obviamente, do hediondo "você", mas sobre isso já escrevi aqui).
Faz-me impressão tratar por tu uma pessoa que não conheço bem. E ainda me faz mais impressão quando as pessoas me começam a dizer, "mas trata-me por tu, mas não faças cerimónia comigo, tu está à vontade". É normalmente nestas alturas que me apetece dizer, ponto um, faço cerimónia se eu quiser, ponto dois, consigo não quero estar à vontade. É que, de facto, há pessoas de quem não queremos ser amigos, não é? Há pessoas com que não queremos estar à vontade. Normalmente, estas pessoas que gostam, literalmente, do "tu-cá-tu-lá" não percebem que elas não nos estão a fazer favor nenhum quando, caridosa e generosamente, insistem em que as tratemos por"tu"; nós é que lhes estamos a tentar, delicadamente, dizer que a distância é sempre o melhor remédio e o melhor caminho, ao insistirmos na terceira pessoa do singular. Mas enfim, há certas pessoas, não percebo bem como, que querem, pelo menos ao nível da linguagem, mostrar que gostam de toda a gente e que são amigas de toda a gente, quando qualquer pessoa normal sabe muito bem que isso é impossível.
Assim sendo, eu geralmente desconfio sempre das pessoas que recorrem logo ao "tu" na ânsia de demonstrar que nos são próximas. Também desconfio das pessoas que são exageradamente simpáticas, e sorriem imenso, e insistem em cumprimentar-nos sempre, todos os dias sem falta, com dois beijinhos (oh pá, haja paciência para os beijinhos, tenho um colega que não falha com a porcaria dos beijinhos, qualquer dia digo-lhe, "olhe, hoje não vai dar, ok, olhe que eu estou com herpes mas não se nota, portanto veja lá", e ele assim fica assustado e deixa-me em paz). Conheço uma outra pessoa que é assim, sempre a sorrir imenso, sempre muito simpááááática, tanto beijinho, tanto que ela goooooosta de mim, e considerando que nunca falámos mais do que dez minutos seguidos, não tenho dúvidas de que todos os seus sentimentos e simpatia são absolutamente sinceros.
É neste aspecto que eu gosto dos ingleses em geral, pelo menos tomando em consideração aquilo que deles tenho observado. Os ingleses são distantes, são reservados e a gente nunca sabe bem em que é que eles estão a pensar, mas pelo menos nunca por nunca se armam em amigalhaços, nem desatam aos beijinhos e aos sorrisinhos. Aperto de mão e chega.
E esta atitude dos ingleses em particular é que está bem. Beijinhos é só para amiguinhos e namoradinhos, é o que tenho a dizer à sociedade portuguesa.
Faz-me impressão tratar por tu uma pessoa que não conheço bem. E ainda me faz mais impressão quando as pessoas me começam a dizer, "mas trata-me por tu, mas não faças cerimónia comigo, tu está à vontade". É normalmente nestas alturas que me apetece dizer, ponto um, faço cerimónia se eu quiser, ponto dois, consigo não quero estar à vontade. É que, de facto, há pessoas de quem não queremos ser amigos, não é? Há pessoas com que não queremos estar à vontade. Normalmente, estas pessoas que gostam, literalmente, do "tu-cá-tu-lá" não percebem que elas não nos estão a fazer favor nenhum quando, caridosa e generosamente, insistem em que as tratemos por"tu"; nós é que lhes estamos a tentar, delicadamente, dizer que a distância é sempre o melhor remédio e o melhor caminho, ao insistirmos na terceira pessoa do singular. Mas enfim, há certas pessoas, não percebo bem como, que querem, pelo menos ao nível da linguagem, mostrar que gostam de toda a gente e que são amigas de toda a gente, quando qualquer pessoa normal sabe muito bem que isso é impossível.
Assim sendo, eu geralmente desconfio sempre das pessoas que recorrem logo ao "tu" na ânsia de demonstrar que nos são próximas. Também desconfio das pessoas que são exageradamente simpáticas, e sorriem imenso, e insistem em cumprimentar-nos sempre, todos os dias sem falta, com dois beijinhos (oh pá, haja paciência para os beijinhos, tenho um colega que não falha com a porcaria dos beijinhos, qualquer dia digo-lhe, "olhe, hoje não vai dar, ok, olhe que eu estou com herpes mas não se nota, portanto veja lá", e ele assim fica assustado e deixa-me em paz). Conheço uma outra pessoa que é assim, sempre a sorrir imenso, sempre muito simpááááática, tanto beijinho, tanto que ela goooooosta de mim, e considerando que nunca falámos mais do que dez minutos seguidos, não tenho dúvidas de que todos os seus sentimentos e simpatia são absolutamente sinceros.
É neste aspecto que eu gosto dos ingleses em geral, pelo menos tomando em consideração aquilo que deles tenho observado. Os ingleses são distantes, são reservados e a gente nunca sabe bem em que é que eles estão a pensar, mas pelo menos nunca por nunca se armam em amigalhaços, nem desatam aos beijinhos e aos sorrisinhos. Aperto de mão e chega.
E esta atitude dos ingleses em particular é que está bem. Beijinhos é só para amiguinhos e namoradinhos, é o que tenho a dizer à sociedade portuguesa.
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