sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

(outra) Gaja que faz o meu estilo: Chloe Sevigny


Há um número considerável de anos, eu pensava que era impossível ser-se mais cool do que a Chloe Sevigny, americana de apelido afrancesado e aristocrático, filme independente atrás de filme independente, tudo bem seleccionado, currículo irrepreensível (ele é Kids, onde se estreou, ele é Gummo, ele é Boys Don't Cry, ele é Dogville, ele é American Psycho - verdadeiramente insuperável, na perspectiva do adolescente que quer desesperadamente que o mundo saiba que ele é intelectual, pois tudo o que cheire sequer a indie, a Chloe está lá) e namorada do Harmony Korine (bem com estrela do seu filme Julien Donkey Boy, do qual gostei muito na altura, mas não sei se agora voltava a gostar); eu gostava da Chloe porque também gostava do Harmony, que se considerava incumbido, talvez por Deus, da tarefa de trazer os preceitos do Dogma 95 para os States. Isto impressiona qualquer um, especialmente quando se é novo.

A Chloe Sevigny é o estereótipo que qualquer pseudo-intelectual adolescente reza por encontrar. Tudo bate certo. Estilosa e agradável ao olhar, sem ser exactamente bonita (quase um exemplo das mulheres feias-lindas, de que PJ Harvey me parece um exemplo perfeito); um certo je ne sais quoi ao qual ajuda a apresentação estética (olhar rasgado, loura, roupinha designer e tal); entrevistas a falar de arte e galerias de arte e pintores preferidos daqueles que ninguém conhece; participação nos filmes do Vincent Gallo em cenas ousadas; equilíbrio perfeito entre filmes indie e filmes mais mainstream; gosto irrepreensível; inteligente. A perfeita namorada Bairro Alto.

A Chloe é, de facto, um estereótipo. É a Angelina Jolie mas exactamente ao contrário. Se fosse portuguesa, era morena de franja curta, usava óculos de massa e só os tirava para entrar em filmes do Miguel Gomes ou isso. Sendo americana, faz a coisa mais à grande.

Mesmo assim, a Chloe faz o meu estilo. É mais forte do que eu, porque no fundo nunca ultrapassei a fase em que achava que ela era a personificação da coolness. Tem uma pinta insuperável, esta mulher, o que posso eu fazer. E sim, normalmente tenho esta tendência adolescente Bairro Alto para gostar sempre dos filmes em que ela entra. E, já agora, não é nada má actriz.

Não sei se ainda namora com o Harmony Korine, se não. Nunca mais ouvi falar dele.

3 comentários:

Anónimo disse...

Também gosto muito dela. Aliás, é uma das minhas tipas-fetiche há já alguns anos. Perdi-lhe um bocado o rasto, mas tenho pena. Acho que ela se perdeu um bocado depois de andar publicamente com a boca no Gallo. Acho que agora é a slut lá do sítio. Já eu achei que foi muito de encontro à ideia que tinha da Chloe: tipa sem medos, capaz de tudo para se manter à margem, num spotlight à margem. Não é à toa que muitos a apelidam como a rainha do indie. E também não é à toa que já tenha trabalhado com o Woody, o Lars, o Jarmusch ou o Fincher. A tipa sabe-a toda, e não é nada má actriz, não senhor. Concordo imenso com você.

Unknown disse...

É uma tipa bem interessante, sem dúvida. Pena é estar algo subaproveitada no cinema...

Rita F. disse...

Zé Luís, concordo, acho que todas as críticas negativas que ela recebeu por ter acedido a fazer aquela cena com o Vincent Gallo de uma estupidez incrível. Li que a agência a que ela pertencia, a William Morris, a "despediu" e tudo. Ela agora entra numa série de TV que não passa cá, sobre a bigamia ou lá o que é. Deve continuar uma fixe, presumo eu.

Victor, quanto a mim está muitíssimo subaproveitada.