Levanto-me.
Dormi? Sim, dormi. Lembro-me de ter apagado a luz na noite anterior. Mas a cabeça continua tão pesada como se não tivesse dormido.
Levanto-me e sinto o fundo das olheiras. Ainda pesam mais do que a cabeça.
Levanto-me e ponho-me a andar pela casa, pensar em tomar o pequeno-almoço, mas não me apetece comer nada, sem apetite, o dia cinzento, mais valia voltar a adormecer.
Parece que levei pancada. Porquê? Não fiz nada ontem que exigisse grande esforço físico. Vejamos. O que fiz ontem? Saí de casa cedo, o que não é normal num sábado, mas saí e passei o dia em actividades não apenas edificantes, como também divertidas. Tudo impecável.
Então, estas dores de costas, este abatimento, o corpo a pedir descanso, isto vem de onde? Não estou de ressaca. Não bebi, ontem, ou por outra, bebi tão pouco. Pouco, mesmo. Não, é impossível estar de ressaca, isto não é ressaca.
O que é, então?
Olho para o espelho, as olheiras, o olhar baço, um leve tom de desilusão nos gestos, já pareço um poema do Mário de Sá-Carneiro ou isso, que chatice, e a maior chatice é não perceber, isto vem tudo de onde?! Não gosto de me sentir assim. O pessimismo tem limites. Para a frente é que é o caminho, custa-te muito armar-te em sorridente parva de vez em quando, se calhar sentias-te melhor, penso para mim própria.
Depois, minutos mais tarde, descubro a razão de ser, a causa. Explica-se pelo facto de ter crescido. É verdadeiramente, como ouvi tanta gente dizer quando era pequena, a idade. A mesma que não perdoa. E é que não perdoa mesmo, a estúpida.
Sem comentários:
Enviar um comentário