Da mesma forma que há coisas intrinsecamente más, também as há intrinsecamente boas. Como por exemplo, Marlon Brando, mais concretamente na cena da varanda no Eléctrico Chamado Desejo (doravante "Streetcar", que é como eu gosto de me referir a este filme, que sou pessoa de tu-cá-tu-lá).
Não me parece que alguém possa ficar indiferente a Brando (em novo), nem mesmo homens, embora compreenda que alguns sintam a necessidade de não o admitir. Nada tem a ver com preferências íntimas ou falta delas - tem a ver com o facto de algumas pessoas, homens ou mulheres, terem um magnetismo indelével, inegável, inultrapassável. Aquele tipo de pessoas à volta das quais os outros giram como pequenos satélites deslumbrados. Muitas vezes, estas pessoas nem sequer são muito bonitas, de feições perfeitas e imaculadas. Às vezes, até são feias. Mas, como diria o Nelo, personagem do grande Herman, acerca de si próprio, "têm muito poder".
E são estes, até, os casos mais interessantes e profundos de atracção - os feios com pinta.
Não era o caso de Brando, porém. Era deslumbrante com pinta. Teve sorte, nada a fazer.
E são estes, até, os casos mais interessantes e profundos de atracção - os feios com pinta.
Não era o caso de Brando, porém. Era deslumbrante com pinta. Teve sorte, nada a fazer.
2 comentários:
Marlon Brando, que bem lembrado que fantástico actor.
Vi imensos filmes com ele, todos bons. Esta cena aqui relatada claro que é um paradigma (andava mortinho por empregar a palavra que o sucateiro preso usou na entrevista)mas a cena inicial do Godfather (I believe in America)com o algodão nas bochechas e o gato ao colo, deve estar entre as dez maiores do cinema.
Vou aliás revê-la daqui a bocadinho ao mesmo tempo que me relembro da vida épica, fabulosa que este homem viveu.
Mas as tragédias que se abateram sobre ele mostraram que a vida cobra sempre um débito quando oferece créditos muito grandes.
Pertenço aquela série de homens, não muito bonitos, não muito altos, não muito fortes e decididamente sem dinheiro por isso sei perfeitamente ter ódio aos outros, e o meu ódio de estimação é o Alain Delon por estes motivos todos e ainda por ter namorado a "Sissi".
A Sissi era linda!
O Brando, além de lindo, era também um grande actor, concordo. Não sei se foi a vida que lhe cobrou créditos, se ele cobrou créditos a si próprio.
Enviar um comentário