Não gosto nada quando as pessoas me vêm chatear com sentimentalidades. Detestando o Primo Basílio, percebo, de alguma forma, o quão irresistível seria gozar com as cartas de romance barato e banal que a burguesinha Luísa lhe enviava. Realmente, aquilo devia ser um folhetim de bradar aos céus, o que, de qualquer modo, não desculpa de todo o repugnante Primo Basílio, mas enfim.
Não gosto, em particular, quando as pessoas usam o verbo "amar" à minha frente, que é verbo que me faz uma espécie que quase desemboca em formigueiro, de tal modo me incomoda. Há palavras com um peso intocável, retumbante, e esta é uma delas. Não se deve usar em público, sem mais nem menos, por dá cá aquela palha, do pé para a mão, ao deus-dará, assim e assado e outros lugares-comuns. Este é um verbo cujo peso é, pura e simplesmente, demasiadamente grande para que eu o possa levantar. Prefiro não ter de pensar nisso.
As pessoas não percebem o peso das palavras. Há palavras leves, diáfanas, como o verbo "gostar", como o substantivo "afecto"; há outras, como Milan Kundera saberia e bem, insustentavelmente pesadas. É o que se passa com o verbo "amar", que esmaga, incomoda. Não quero que me firam os ouvidos com ele.
Mas, por vezes, as pessoas põem-se a falar desbragadamente à minha frente e fartam-se de usar palavras pesadíssimas, insustentáveis, literalmente insuportáveis. Não sei o que posso fazer.
Tenho ouvidos sensíveis. É um problema.
Não gosto, em particular, quando as pessoas usam o verbo "amar" à minha frente, que é verbo que me faz uma espécie que quase desemboca em formigueiro, de tal modo me incomoda. Há palavras com um peso intocável, retumbante, e esta é uma delas. Não se deve usar em público, sem mais nem menos, por dá cá aquela palha, do pé para a mão, ao deus-dará, assim e assado e outros lugares-comuns. Este é um verbo cujo peso é, pura e simplesmente, demasiadamente grande para que eu o possa levantar. Prefiro não ter de pensar nisso.
As pessoas não percebem o peso das palavras. Há palavras leves, diáfanas, como o verbo "gostar", como o substantivo "afecto"; há outras, como Milan Kundera saberia e bem, insustentavelmente pesadas. É o que se passa com o verbo "amar", que esmaga, incomoda. Não quero que me firam os ouvidos com ele.
Mas, por vezes, as pessoas põem-se a falar desbragadamente à minha frente e fartam-se de usar palavras pesadíssimas, insustentáveis, literalmente insuportáveis. Não sei o que posso fazer.
Tenho ouvidos sensíveis. É um problema.
6 comentários:
Querida companheira de bloguices, parece-me que as palavras, por si só, não têm peso. Há tantos pesos para cada palavra quanto indivíduos que lhos atribuam. Posto isto, adoro dizer, por exemplo: «Eu AMO o Johnny Guitar», colocando ênfase no «amo», porque é precisamente o que quero dizer, e não: «Eu gosto muito do Johnny Guitar», ou «eu adoro o Johnny Guitar», ou até mesmo «eu ADORO o Johnny Guitar». Para mim, não faria qualquer sentido dizer outra coisa, que não «eu amo Johnny Guitar». Parece-me que há um tempo e um lugar para cada palavra, e a ti também te parece isso, os tempos e os lugares é que mudam. Eh, eh.
Já viste o Gaslight? Acabei de ver. Gostaria de ter uma Ingrid só para mim, a quem eu dissesse «não só amo o Johnny Guitar, como também te amo a ti!!!!!!» Assim mesmo, com imensos pontos de exclamação.
Sou apologista do melodrama na vida real. Dá mais cor, não acha? ;)
Sinceramente para quem se queixa que as pessoas não conhecem o peso das palavras mas deixa frases como meu amor você me dá sorte na vida, ainda bem que as pessoas não conhecem esse peso.
Olhe, Zé, só para dizer que "amei" o seu comentário. :)
Não há utilização indevida que me irrite mais que a do verbo amar. Não me irrita essa devoção máxima expressa ao Johnny Guitar que o Zé exemplifica, o que me irrita é quando as pessoas usam esse verbo acerca das suas relações e não saibam do que estão a falar. Amar alguém não tem essa ligeireza e tampouco essa facilidade, mas que pessoas já adultas continuem a incorrer nessa adolescência é uma coisa que realmente me incomoda. Só nunca o disse tão abertamente como agora porque não quero soar pedante. ehehe
É isso tal e qual, Menina Limão, pedantismo et al. ou sem ele. :)
Normalmente, as pessoas que usam o verbo amar indiscriminadamente, da forma como indicou a Menina Limão, são as mesmas que usam o verbo odiar de forma tão ou mais leviana, às pazadas, todos os dias.
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