Há algo que me intriga e que se prende com aquele tipo de pessoas de quem toda a gente gosta.
Há, efectiva e estranhamente, pessoas assim, que agradam instintivamente a gregos, troianos, espartanos e quejandos. A todos.
Impressionante.São, normalmente, pessoas doces, com alguma personalidade, muito divertidas mas sem nunca chegarem ao impositivo, com paciência para ouvir os outros, embora revelando muito pouco acerca de si. São seres humanos de tal modo agradáveis e aprazíveis que é impossível vilipendiá-los, dizer mal, enxovalhá-los, atrever sequer um pensamento ligeiramente menos elogioso acerca deles, sob pena de nos sentirmos as piores pessoas do mundo. Pensar mal deles, ou não gostar deles, equivale quase a dizer que não se gosta de cães. Não gostar de cães é ser péssima pessoa, como todos sabemos, aliás - Edgar Allan Poe compreendeu-o exemplarmente, escrevendo, no seu magnífico conto "The Black Cat", o seguinte: to those who have cherished an affection for a faithful dog, I need hardly be at trouble of explaining the nature or the intensity of the gratification thus derivable. There is something in the unselfish and self-sacrificing love of a brute which goes directly to the heart of him who has had frequent occasion to test the paltry friendship and gossamer fidelity of mere Man (acho este excerto delicioso).
Portanto, há certo tipo de pessoas que, misteriosamente, de formas e trejeitos incognoscíveis, pelo menos para mim, reúnem um consenso inabalável, da mesma forma que os cães o conseguem fazer. Vão directamente ao coração dos outros, como diz Poe, nada a fazer.
Como exemplo, lembro-me apenas de gente tipo Jamie Oliver. Ainda não ouvi absolutamente ninguém que me conseguisse dizer mal do Jamie Oliver. É simpático, bom comunicador, enérgico, tem programas interessantes, cozinha bem, é criativo; mesmo quem o acha irritante não consegue deixar de reconhecer que sim senhora, é um indivíduo que trabalha bem, preocupado com a alimentação das crianças, que tenta melhorar o regime alimentar paupérrimo em Inglaterra, etc. e tal.
Portanto, há certo tipo de pessoas que, misteriosamente, de formas e trejeitos incognoscíveis, pelo menos para mim, reúnem um consenso inabalável, da mesma forma que os cães o conseguem fazer. Vão directamente ao coração dos outros, como diz Poe, nada a fazer.
Como exemplo, lembro-me apenas de gente tipo Jamie Oliver. Ainda não ouvi absolutamente ninguém que me conseguisse dizer mal do Jamie Oliver. É simpático, bom comunicador, enérgico, tem programas interessantes, cozinha bem, é criativo; mesmo quem o acha irritante não consegue deixar de reconhecer que sim senhora, é um indivíduo que trabalha bem, preocupado com a alimentação das crianças, que tenta melhorar o regime alimentar paupérrimo em Inglaterra, etc. e tal.
O Jamie Oliver é o cão de toda a gente. Eu também gosto imenso dele, até porque tenho tendência para achar cães um doce, excepto quando ladram e se tentam atirar às pessoas. De resto, vão directamente para o meu coração.
6 comentários:
Errr... pronto, há aquele programa em que ele gaseia uma série de pintos fofinhos perante uma audiência chocada...
Pois ... não sou grande fã. Na verdade irrita-me um bocadinho.
Gasear pintos fofinhos?! Não fazia ideia nenhuma, mas que horror. Mas foi porquê, para as pessoas não irem ao tal Kentucky Fried? Não compreendo...
Maariah, a mim também me irrita ligeiramente, mas, até saber disto dos pintos fofinhos, achava que ele era uma boa pessoa, no sentido de querer alimentar bem as crianças e isso... se calhar quer alimentar as crianças da mesma forma que a bruxa da Casa de Chocolate quer alimentar o Hansel, na engorda... que terrível.
Ele gazeou os pintos fofinhos num programa em que mostrou ao mundo como é que funcionam os aviários com o objectivo de sensibilizar as pessoas. O programa foi mesmo muito chocante e houve alturas em que tive de desviar os olhos da TV, depois passei a comprar ovos de galinhas do campo, mas não consegui abdicar do frango no churrasco.(sou uma cretina)
O que me fez vacilar foi vê-lo a matar um crocodilo a tiro, num programa que agora anda a fazer pelos states. Foi violento. Começo a achar que toda a gente nos desilude mais cedo ou mais tarde.
As pessoas que agradam a todos também me intrigam imenso. Não sei se é o caso do Jamie Oliver, não vejo. De resto, sou uma péssima pessoa, não gosto de cães. Tenho medo deles, isso não me absolve? :|
Py, um crocodilo a tiro?! Não paro de me surpreender. Aliás, de me chocar.
Em relação ao frango no churrasco, eu também não sou capaz de dizer que não. Ainda mais repugnantemente, estou há anos a tentar deixar para sempre o foie gras e não consigo. Como menos, mas não consigo dizer que não, de vez em quando. É horrível. Eu sei que é horrível. Mesmo assim, consumo o foie gras. Portanto, se falamos de cretinice...
Menina Limão, eu também tenho medo de cães, portanto acho que absolve completamente. Mas, mesmo assim, gosto de cães, porque fazem festa, são barulhentos. Acho-os giros. :)
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