sábado, 13 de março de 2010

Façam greve, pequenos, façam greve

Façam greve na Páscoa, para chatear toda a gente, para chamar atenção. As greves são assim, têm de fazer efeito. Façam greve, para todos ficarmos a perceber de uma vez por todas que a TAP já não funciona, que a TAP só presta maus serviços, que é mais um triste sinal de um Estado pesado, lento, burocrático, falido. Façam greve para se poder dizer, ainda mais veementemente, que se a TAP fosse privada, nada disto aconteceria. Façam greve, que assim a privatização vem mais depressa e é assim que o país se quer, privatizado de uma ponta à outra, que o Estado não tem competência para nada. Este Estado, se calhar, não tem, de facto.
Não me passa pela cabeça contrariar o direito à greve, conquistado e adquirido, nem dizer que é "coisa do século passado", como o excelso Fernando Pinto não tem vergonha de dizer (e devia ter). Mas, com todo o respeito pelos pilotos da TAP, não me parece que esta greve beneficie alguma coisa, a não ser belas ideias como esta. Por mim, tudo bem. Aliás, se é para privatizar, para quê perder tempo, privatize-se já Portugal e vendam-no a Espanha, Inglaterra, França, EUA, talvez Índia ou China, futuras super-potências, sei lá, a quem o quiser comprar. Porque não? As únicas desvantagens seriam talvez salários baixos, exploração, desemprego, problemas que este país nunca conheceu, e que seriam imediatamente compensados por um maior recurso ao crédito e bancos novamente recheadinhos, a emprestar dinheiro a toda a gente, a emprestar dinheiro a si próprios, tudo liquidez, tudo a fluir, que alegria, que beleza.
Apagada e vil tristeza - vira-te e revira-te nos Jerónimos, Luís Vaz, que tens razões para isso. Mas olha, em compensação, a tua voz ainda canta com muita razão. Há que ver sempre o lado positivo das coisas, como diziam os Monty Python.

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