terça-feira, 30 de março de 2010

O absoluto banco de jardim e a absoluta pessoa que se sentou nele

Daqui a pouco vou ao Campo de S. Francisco ver o banco onde Antero de Quental se suicidou.
Lembro-me de, na escola secundária, ter uma professora de Português que nos tinha explicado o suicídio de Antero pela impossibilidade que este sentia em encontrar o "Absoluto", e que devia ter achado que o tal Absoluto vinha com a morte, o que até se compreende, de modo que enfim, mal por mal, tinha decidido acabar com tudo com dois tiros.
Na verdade, não foi assim tão detalhadamente que ela nos explicou. Disse apenas que, porque Antero compreendera que o tal Absoluto era impossível de encontrar, se tinha suicidado.
Bom. A professora era, com toda a justiça, esforçada, mas este episódio de encontrar a razão para o suicídio de Antero ali, numa aula de uma hora, para gatos pingados de dezasseis anos, foi quase patético. As pessoas de dezasseis anos, apesar de tudo, não são atrasadas mentais (espera-se). Até elas conseguem discernir um disparate de uma coisa inteligente.
Mas enfim. Porque, felizmente, a história do Absoluto que nunca mais chegava, qual Godot, nunca me convenceu devidamente, lá irei eu hoje, respeitosamente, ao banco de Antero.

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