quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Rui Reininho vai lançar um álbum a solo. Não sei se vou comprar ou não (embora tenha ouvido ontem uma das canções do disco na Radar e tenha de facto gostado), mas fico contente por saber da notícia.
Os GNR foram A minha banda portuguesa quando era mais nova mas, ao contrário dos Beatles, que ficaram para sempre, desapareceram da minha vida a partir do Rock in Rio Douro, que foi um grande desgosto que eu tive, tal foi a minha desilusão. Acalentei sempre a esperança de que melhorassem, mas não, de modo que pura e simplesmente deixei de os ouvir, mantendo-se o In Vivo como excepção à regra - ainda hoje acho que é um grande álbum da música portuguesa. Até acho que lhe deviam dar muito mais importância.
Reininho tinha uma aura um tanto ou quanto original, escrevia letras engraçadas (lembro-me de ser muito pequena e ouvir o "Efectivamente" com uma amiga da escola porque era a tal música do "adoro as pulgas dos cães"; ríamo-nos sempre perdidamente com isto, sendo que o resto da letra nos passava um tanto ou quanto ao lado), tinha piada, boa apresentação e era meio irreverente - noutro dia, encontrei na Bertrand um livro com excertos de entrevistas com Reininho, nos idos anos 80, e ele dizia coisas como "quero ser reformado" ou "quero escrever música para reformados", algo deste género, assim como "quero escrever para o Marco Paulo". Era calculadamente cool - e isto num país em que as bandas ainda não tentavam, de forma tão deliberada, apresentarem-se como cópias formatadas de bandas britânicas e americanas, todas com roupa da moda, cabelo desfeito em cor e gel, de boca prontíssima para o inglês (já toda a gente percebeu que falam muito bem em estrangeiro, petizada, portanto agora já se podem calar, obrigadíssima) e para tiradas retumbantes como "queremos agradecer este querido EMA"; quando as ouço é que penso mesmo "faz-me impressão o trabalho, oh oh, que se tem em ser superficial" - de modo que, cantando e falando só em português, o que chegava e sobrava, Rui Reininho conseguia ter um ar algo rebelde e diletante que lhe ficava mesmo bem, e que a mim me encantava.

Espero gostar muito, mas mesmo muito, do disco de Rui Reininho. My man (eu também sou muito pronta para o inglês, o que se há de fazer).

5 comentários:

sibilazul disse...

Querida Rita: obrigada pelas delícias deste blogue. Como te entendo, hoje cantarolei-me o dia inteiro "faz-me impressão o trabalho, a inércia faz-me mal.." na esperança que GNR me resolvesse.

Rita F. disse...

sibilazul: que nome tão bonito! Com essa frase, os GNR exprimiram o problema de muita gente, inclusivamente o meu: trabalhar faz impressão, a inércia ainda é pior, em que é que ficamos... é uma questão muito filosófica, direi mesmo metafísica, se pensarmos bem nela.

ruialme disse...

Pá!!
Os GNR também foram A minha banda. A diferença é q não me desiludi, continuo a gostar deles e até gosto muito do Rock in Rio Douro.
Mas, efectivamente, prefiro o Psicopátria.
Ah... e devo ser das poucas pessoas q tem a 1ª edição do In Vivo. E fui ao concerto do Coliseu. E atirei-lhes amendoins.
É isso.

Rita F. disse...

Rui! Eu tinha a 1ª edição do In Vivo numa cassete cuja fita gastei com tanta audição. É o disco que tem "Portugal na CEE" e que deixou de ser comercializado porque o Vítor Rua impediu, que preciosidade, e foste ao concerto do Coliseu e se calhar estás na capa e tudo, as vezes que eu olhei para aquela capa a pensar "eu queria estar ali", e não estava nem nunca estive, e... e...e... ai que inveja.

Anónimo disse...

Olha Rita, eu acho que o disco é muito bom e tenho-me divertido com os comentários que o próprio Rui Reininho faz de cada uma das músicas de "Companhia das Índias". Podes ouvi-los aqui:
http://cotonete.clix.pt/quiosque/especiais/rui_reininho/index.asp
Além disso, o homem está cheio de energia e ainda ontem deu um grande concerto no Super Bock em Stock! Vale a pena acompanhá-lo!