É muito estranho, talvez até assustador, pensar que há pessoas de quem gostamos muito num determinado momento, e que depois, instantes depois, já não fazem parte da nossa vida nem nunca mais vamos ver. É muito estranho, talvez até entristecedor, pensar que alguém de quem gostámos muito pode já não ter nenhum significado para nós anos depois. Consigo lembrar-me de um número razoável de pessoas com quem conversei, com quem tomei café, que me falaram da vida, a quem eu falei da vida, e que podem até já ter morrido sem eu saber de nada, assumindo que elas andam por aí entretidas na sua azafamazinha, e elas se calhar mortas e enterradas e eu sem saber de nada, eu a pensar, "olha, há que tempos que não sei nada do x", ou, "olha, há séculos que não mando um mail à y". No entanto, quando tomei café com estas pessoas, quando lhes falei da vida, pensei que ia ser assim para sempre, que ia gostar delas para sempre, que ia precisar delas para sempre. Mas não.
A conclusão a tirar é que, quando nos dizem que o amor é um sentimento poderoso, estão a mentir-nos descaradamente. O amor é tão poderoso como o Carnaval de Torres Vedras, três dias que passam depressa e dos quais não nos lembramos no quarto dia, ocupados com a ressaca.
O sábio Serge sabia do que falava, a vida é assim.
2 comentários:
Agora há o hi5 para colmatar essa falha. As pessoas ficam lá guardadas como "nossos amigos", mesmo que já não nos digam um olá no dia a dia. Sou muito pragmática neste aspecto: só faz falta quem está. Paz à alma dos que se foram calando, perdendo, entre mudanças de funções, de casa, de mail, de nº de telemóvel. Acho que faz parte da vida, senão era uma pasmaceira. Mas se tenho pena de não saber de algumas pessoas? Tenho, pois. São "baixas" dos rumos que fui tomando nesta vida.
Faz-me falta mais pragmatismo, pois é.
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