- Olha... essa é boa. Eu não vou a lado nenhum.
- Ai isso é que vais, pegas nas tuas coisinhas e rua.
- Então vou, tudo bem. Deves achar que eu quero saber. Pensas que vou ter saudades tuas, não é?
- Pois penso.
- Isso querias tu. Tenho os meus amigos, não preciso de ti para nada.
- Então ainda bem para ti. Andor.
E vai-se embora. Passadas algumas horas (não meses, não anos: horas), estou confortavelmente em casa a descansar quando ouço uma voz lá em baixo na rua, aos gritos. Vou à varanda. É o Marlon que voltou, de ar perdido, lacrimejante, que me grita à varanda, a acordar a vizinhança:
-Ritaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Ritaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
Olho para ele. Chora. Soluça. Está desesperado sem mim. Tem a T-shirt rasgada, revelando o peito bronzeado, de contornos bem definidos. Reconheço que é razoavelmente inteligente e de atributos físicos toleráveis, mas quer dizer, nada de especial, nada que não se veja todos os dias por aí, ou por outra: arranja-se melhor.
- Olha, querida, quando me conhecestes, tu pensastes que eu era um bocado para o ordinário, não pensastes? Pois, e tinhas razão. Eu era mesmo meio coiso. Tu mostrastes-me uma fotografia toda bem composta, tu lá em cima das colunas, mas eu fui e tirei-te do pedestral, não tirei? Tirei-te do pedestral e tu adorastes, não foi? E fomos felizes ou não, querida? Fomos ou não fomos?
- Credo, Marlon, essa gramática, ai essa gramática ... mas pronto, já que insistes...
A razão para esta conversa toda é que o Marlon é um tipo que faz muito o meu estilo, mas apenas porque, em inglês, ele dá menos erros de gramática. Aquela T-shirt justinha, rasgada... nem sequer vem ao caso.
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