Branwell Brontë nasceu numa família de mulheres, com três irmãs que ficaram para a história ao contrário do seu próprio nome, tão rapidamente esquecido como a sua vida vã. Os recursos da família eram dispendidos no único filho varão, em quem o pai insistia em ver rasgos de brilhantismo que mais ninguém via e, se bem que encorajasse também as historietas e as fantasias que as filhas gostavam de escrever, era Branwell que era resguardado para Oxford e Cambridge, onde nunca entrou, era Branwell que viajava, era Branwell que ficava em casa, protegido pela família, ao passo que as irmãs eram enviadas para escolas onde se morria de tuberculose e má nutrição.
Era também Branwell que se embebedava, que se tornava toxicodependente, que morria de amores proibidos pela senhora da casa onde trabalhava como professor dos filhos do casal e que, assim, trazia verdadeiramente o temido "opróbrio" à família.
A História tornou claro que Charlotte, Emily e Anne eram brilhantes, e Branwell não; que Charlotte, Emily e Anne escreviam bem, e Branwell não; que Charlotte, Emily e Anne haviam sido injustamente menosprezadas, e Branwell injustamente sobrevalorizado.
E, no entanto, a figura de Branwell Brontë é estranhamente interessante. O seu percurso auto-destrutivo, sem limites (adultério, droga, doença, excesso, morte prematura com tuberculose), mostra bem que, antes da História, era já para ele claro que seriam as suas irmãs as dignas herdeiras da chama literária que, nele, se apagava - no quadro que pinta de si próprio e das suas irmãs (este aqui ao lado), Branwell apaga a sua própria figura, preferindo que a sua identidade merecidamente se apague. No fundo, é uma personagem condenada desde o início, curvada sob o peso de expectativas familiares irrealistas que nele insistiam em ver génio, verve, imortalidade, e ele sem conseguir corresponder por pouco que fosse. Nem génio, nem verve, nem nada - apenas um tipo normal, acalentado por uma família para quem ele, que não tinha nada, era tudo.
Viver para corresponder às expectativas dos outros deve ser muito complicado.
Era também Branwell que se embebedava, que se tornava toxicodependente, que morria de amores proibidos pela senhora da casa onde trabalhava como professor dos filhos do casal e que, assim, trazia verdadeiramente o temido "opróbrio" à família.
A História tornou claro que Charlotte, Emily e Anne eram brilhantes, e Branwell não; que Charlotte, Emily e Anne escreviam bem, e Branwell não; que Charlotte, Emily e Anne haviam sido injustamente menosprezadas, e Branwell injustamente sobrevalorizado.
E, no entanto, a figura de Branwell Brontë é estranhamente interessante. O seu percurso auto-destrutivo, sem limites (adultério, droga, doença, excesso, morte prematura com tuberculose), mostra bem que, antes da História, era já para ele claro que seriam as suas irmãs as dignas herdeiras da chama literária que, nele, se apagava - no quadro que pinta de si próprio e das suas irmãs (este aqui ao lado), Branwell apaga a sua própria figura, preferindo que a sua identidade merecidamente se apague. No fundo, é uma personagem condenada desde o início, curvada sob o peso de expectativas familiares irrealistas que nele insistiam em ver génio, verve, imortalidade, e ele sem conseguir corresponder por pouco que fosse. Nem génio, nem verve, nem nada - apenas um tipo normal, acalentado por uma família para quem ele, que não tinha nada, era tudo.
Viver para corresponder às expectativas dos outros deve ser muito complicado.
2 comentários:
Sempre fui fã das irmãs Brontë. Devorei muitos livros, e tentava perceber qual delas era a minha preferida. Mas desconhecia esses factos sobre o irmão. Muito interessante!
Em relação à expectativa... parece que estraga sempre tudo, quer parta de nós, quer parta dos outros!
beijinhos
Por isso, é sempre melhor não haver expectativas nenhumas.
Na verdade, não sei se foi a expectativa que fez do Branwell um falhado. Mas tenho a forte intuição de que foi isso, juntamente com o facto de as suas três irmãs serem tão brilhantes. Além da expectativa, foi também o azar.
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