quinta-feira, 20 de maio de 2010

O inferno são os outros

Acho graça, surpreendo-me e, na maior parte das vezes, irrito-me, com a vaidade das pessoas.
Não percebo a vontade desesperada de se evidenciarem. Falam por cima dos outros e falam de coisas óbvias e banais. Coisas em que outros pensaram já há muito, coisas que muitos fizeram antes deles. Que não são nada de especial.
Acham-se na posição justa para criticar, julgar, aconselhar os outros. São paternalistas. Escrevem e falam em inglês demasiadas vezes, vendo nisso um sinal do seu cosmopolitismo pobre, da sua educação tristemente pouco esmerada. Gosto muito de inglês, mas nunca confio em quem recorre a ele demasiadas vezes, quase em detrimento do português. É um tanto ou quanto aquilo que poderíamos designar por "provinciano".
Também já percebi que há algo que as pessoas excessivamente vaidosas gostam muito de fazer, e que é comprazer-se na sua arrogância. Consideram que a arrogância lhes confere superioridade, interesse, um certo snobismo aristocrático. Vêem nela força de carácter e não a tomam por aquilo que realmente é - a fraqueza cobarde de quem vive do artifício. E uma fraqueza bastante irritante e desagradável, por sinal. E, no entanto, dizem "às vezes acham-me muito arrogante", "às vezes acham-me muito agressivo", "às vezes acham que eu não dou confiança", como se tudo isto fosse louvável.
E depois esforçam-se tanto - valha-me Deus, o quanto se esforçam. Sempre em constantes manobras para atrair atenção, para perceber de que forma conseguem ultrapassar os outros, aquilo que podem exibir. É patético. É triste.
Passou-me a maleita do corpo, mas hoje ficou-me a do espírito. A vaidade é insuportável, é repugnante. E conheço gente demais assim. De modo que me entristece. De modo que a maior parte das pessoas vale pouco a pena.
E eu própria tenho pena.

5 comentários:

Anónimo disse...

Rita, gosto de si e da sua rua, passo por cá todos os dias, isso comprova-o, não é?Por isso, não leve a mal o que vou dizer-lhe: fogo rita, agora anda sempre com os azeites!!Lembra-me um bocado a ajudante da minha dentista, sempre sisuda, angustiada e a apontar isto e aquilo de horrível nos outros. Veja lá se não consegue encontrar facetas mais positivas por aí, a sério, gostava de passar por cá e ler algo assim mais de acordo com o sorriso que o Pratt lhe sacou.

Nã, não sou psicólogo :)

Cumprimentos,

Álvaro.

Aquela que procura Oz disse...

A Rita deve trabalhar no mesmo local que eu...

Realmente triste não é bem o facto de estas pessoas existirem, mas sermos forçadas a lidar com elas durante grande parte do nosso dia.
Tente desenvolver um processo de "audição selectiva"; não resolve a questão mas ajuda a bloquear parte do ruído - desde a dita conversa de chacha até ao inglês sem sentido e mal empregue, utilizado simplesmente 'porque é giro'.

Enfim, espero mesmo que trabalhe aqui por perto; prefiro ser optimista e acreditar que esta descrição não se aplica a todo o lado.

Rita F. disse...

Álvaro, é a crise. :)

Aquela que procura OZ - se calhar trabalhamos mesmo no mesmo sítio. :) Eu tenho, porém, uma visão um tanto ou quanto mais pessimista. Acho que estes comportamentos se generalizam cada vez mais. Mas talvez seja a minhaa percepção toldada.

Anónimo disse...

:D

Á.

ecila disse...

No final do filme "Advogado do Diabo" o diabo (Al Pacino) diz-nos que a vaidade é o seu pecado preferido. É uma das melhores frases que já ouvi. Identifico-me totalmente com o que dizes no post (tudo). Também acho a vaidade repugnante :-P