A minha resposta imediata a isto é que o filme não tem apelo nenhum, e destina-se apenas a deleitar senhoras já entradotas, que o foram ver ao cinema na falta de Patrick Swayze e Dirty Dancing, ou Tom Cruise e Top Gun, filmes mais tardios e de uma geração mais recente. Porém, Dirty Dancing e Top Gun são sofríveis e olvidáveis, ao passo que este Love Story parece, estranhamente, permanecer na memória colectiva. Quem é mais velho elogia-o constantemente, quem é mais novo e o vê, diz que gosta muito. Se formos à IMDB, verificamos que, na entrada para Love Story, se recomendam outras xaropadas de amor, como por exemplo O Gigante, E Tudo o Vento Levou, etc., deixando transparecer a ideia, quanto a mim errónea, de que Love Story se equipara aos grandes clássicos românticos.
Um momento. Sim, O Gigante é interminável e uma estucha, Gone with the Wind é uma xaropada, mas tanto um como outro têm, quer queiramos quer não, grande qualidade. Ambos contam com excelentes, excelentes actores: a grande Elizabeth Taylor, James Dean, Rock Hudson para o Gigante, e em Gone in the Wind a lendária Vivien Leigh, o lendário Clark Gable (canastrão ou não, é lendário), além de que este último filme tem uma produção épica e exímia, cenas bem filmadas, guarda-roupa impecável, technicolor vibrante, enfim, é um filme de antologia (fui, durante muito tempo, fã absoluta deste filme, devo confessar). São xaropadas, mas enchem o olho.
Love Story não tem nada disto. Tem um bom actor, o Ryan O'Neil, uma actriz mais ou menos, a Ali McGraw, um enredo pobrezinho, pobrezinho, mesmo paupérrimo, que culmina, de forma pouco original, com a morte da pobrezinha Ali, qual Julieta shakesperiana, mas sem a grande escrita de Shakespeare. No fundo, é o batido enredo do Amor de Perdição mas transformado em filme americano. Assim como assim, prefiro o Amor de Perdição.
Há, porém, um grande ponto a favor deste Love Story, que é a banda sonora. Aliás, estou a escrever este post porque hoje o ipod brindou-me com a versão de Astrud Gilberto, que canta a melodia do filme com uma letra em espanhol, o que me fez lembrar este filmito. Se calhar, é a banda sonora a responsável por esta resistência ao tempo deste filme sofrível. De outra forma, a razão pela qual Love Story ainda é conhecido é um mistério para mim, já que não percebo porque não se afundou, perdendo-se para sempre por entre aquilo que o tempo gosta de apagar. É, de facto, curioso como há filmes maus que, por uma razão ou outra, continuam a agradar a tanta gente. Às vezes, começo a não perceber o que determina a qualidade cinematográfica, ou a falta dela.
Enfim. Mistérios desta vida. Quem ainda não viu o Gone With the Wind não sabe o que está a perder, é o que digo.
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