quinta-feira, 16 de julho de 2009

Angústias

Escreve uma tese _ disseram-me, com olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me disseram "Escreve uma tese!"
Eu olhei-os com olhos parvos,
(Há, nos meus olhos, estupidez e cansaço)
E não cruzei os braços,
E escrevi a tal da tese.

A minha glória não é esta:
Não acompanhar ninguém
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Como no dia em que escrevi a primeira frase

A minha vida devia ser
Um vendaval que se soltou
Uma onda que se alevantou
Um átomo a mais que se animou...
Mas pedem-me definições
E é isso que eu dou.

Sei lá por onde vou. Suspiro.

2 comentários:

JB disse...

E eu que acabo de publicar um post sobre poesia. Ela está em todo o lado, de facto.
(que belo post. força nisso, pá. estamos todos unidos. o universo é como uma manta branca!)

Rita F. disse...

Eu preferia que fosse uma manta preta, porque o preto é a cor que eu gosto mais. Eu queria uma manta preta. E também queria ter escrito este poema do princípio ao fim, mas não, tive de o "adaptar" do José Régio, que eu não sei escrever poemas. Sou uma limitada.
Vi o teu post sobre poesia - é arte. "Programo o fim de semana no calor da cama" e António Botto é uma coisa verdadeiramente fatal. :)