CANTIGA D'AMIGO
Levantou-s' a velida
levantou-s' alva
e vai lavar camisas
eno alto:
vai-las lavar alva.
Levantou-s' a louçana
levantou-s' alva
e vai lavar delgadas
eno alto:
vai-las lavar alva.
(E) vai lavar camisas,
levantou-s' alva;
o vento lhas desvia
eno alto:
vai-las lavar alva.
E vai lavar delgadas,
levantou-s' alva;
o vento lhas levava
eno alto:
vai-las lavar alva.
O vento lh'as desvia;
levantou-s' alva;
meteu-s' alva en ira
eno alto:
vai-las lavar alva.
O vento lh'as levava;
levantou-s' alva;
meteu-s' alva en sanha
eno alto:
vai-las lavar alva.
D. Dinis
Encontrei a transcrição aqui, neste belo blog, que figura também na listinha à direita, e onde se pode encontrar a "tradução" do mesmo poema para português moderno, de Natália Correia. Está aqui o princípio de tudo - da música, da poesia, da literatura, do português. Quer dizer, o princípio está em nós. Poemas como este de D. Dinis talvez sejam, digamos, a "verbalização", e essa, nem todos a conseguem fazer. Só os grandes.
2 comentários:
Li a traducao da Natália Correia, mas gosto muito mais do original de D. Dinis que publicaste. Engracado, apesar de nao entender bem o que diz, acho lindo.
O que me faz pensar que a lingua portuguesa é capaz de já ter sido mais poética do que é hoje, lá no princípio :)
Ecila, não podia concordar mais! A mim acontece-me exactamente a mesma coisa - apesar de não entender bem toda a linguagem, acho lindo.
Só acho é que o português ainda continua muito poético, felizmente. :)
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