segunda-feira, 2 de novembro de 2009

As armas e as malas assinaladas

Ulisses voltou para casa, estafado.
Finalmente - Ítaca. Ele, que tinha calcorreado tantos quilómetros, com tanta gaja maluca a azucriná-lo, a transformar-lhe a tripulação em animais, ele a ter de se amarrar ao mastro do navio, não fosse isso e ia borda fora com o canto daquelas sirenes com o cio, as mulheres, realmente, só cargas de trabalhos.
As mulheres todas - menos a sua, a doce Penélope, entretida a fiar e a desfiar, a fiar e a desfiar, confiante no seu regresso.
De modo que Ulisses estava feliz, de largo sorriso no rosto, já confiante na alegria que Penélope sentiria ao olhar para ele, ainda por cima quando voltava a casa ainda tão atlético, tão bem conservado. Querida Penélope.
Mas afinal Penélope não tinha esperado. Fiar, desfiar, fiar, desfiar, aquilo não era para ela, mulher ainda jovem, dinâmica, que gostava de viver a vida. Tinha um galifão mais novo, que deixava o robusto Ulisses a um canto, como se costuma dizer.
E o que fez Ulisses para reconquistar a afinal atrevida Penélope, que não tinha esperado por ele?
O galifão podia ser mais novo e enérgico, mas mais rico e com mais gosto não era. Para alguma coisa tinha Ulisses passado tanto tempo a guerrear e no mar, fazem-se umas economias jeitosas com tão parco estilo de vida. E o que Ulisses tinha a dar à sua mulher, que o galifão não tinha, era isto:



A insuperável Louboutin Cadeau "evening wear". O derradeiro cavalo de tróia do espertalhão Ulisses, sempre arguto e homem de gosto, a que nenhuma mulher, nem mesmo a firme Penélope, conseguia resistir.
E a ordem natural das coisas repôs-se.

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