segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ir à rua pôr o lixo

Há uma grande desvantagem relativamente aos momentos catárticos, como por exemplo o concerto dos Massive Attack do post anterior, e que é o sentimento profundo e arrasador da ressaca. Regressei a casa sábado à noite limpa de todos os pecados e inundada por uma alegria eufórica, com os ouvidos ainda a retumbar daquele ritmo contagiante e frenético; acordei Domingo à tarde cansada e sem dar sentido à vida. Era como se as coisas só voltassem a fazer sentido se pudesse reviver momentos semelhantes aos da felicidade da noite anterior. Tinha olheiras e um grande sentimento de frustração.
Voltei para a cama. Doía-me a cabeça e tremia de frio. Passei o dia a chá e bolachas. Não vi televisão. Não consegui ler. Tudo um supremíssimo cansaço.
Hoje, consigo suportar a rotina apenas e só porque penso numa mesa de café, uma chávena escaldada, o líquido a ferver, a comemoração do fim do dia. É só mesmo isso que me aguenta. Sim, porque o concerto, esse, já é passado. Como diria o Herman num dos episódios do Tal Canal, "visteze-o? Era o viste-lo".
As alegrias, as catarses, as limpezas emocionais, trazem muito lixo ao de cima. E depois toda a gente tem preguiça de ir à rua deitar o lixo fora.

2 comentários:

Jéssica B. disse...

é... a vida real é quase sempre tediosa.

Rita F. disse...

E o problema é que a pessoa habitua-se... está-se tão bem no sofá... :)