Interrogo-me até que idade deixamos de ser "raparigas" e "rapazes" e passamos a mulheres e homens, ou senhores ou senhoras.
Por exemplo, eu ainda penso em mim própria como uma "rapariga". Ainda digo "as raparigas da minha idade", por exemplo. Mas nas lojas ou em locais de atendimento ao público, tanto sou tratada por menina como por senhora. Adoro quando a forma de tratamento recai na primeira escolha, porque penso sempre que é sinal de que fiz as opções certas - não iludi a idade, mas também não fiz questão de a agravar com um certo ar balzaquiano, de nariz e busto empinado, postura de toda boa, ou aspirante a, que certas "raparigas" da minha idade às vezes ostentam. Eu se calhar também ostento e estou para aqui a convencer-me que não.
A minha avó disse-me uma vez, muito sabiamente, que não interessava eu não parecer a idade que tenho, porque os anos estão lá à mesma. Acho que ela tem toda a razão. E isso talvez queira dizer que eu sou apenas "senhora" e já não sou "menina", ainda que de vez em quando consiga enganar as pessoas das lojas porque insisto em usar os meus ténis Converse de há quinze anos atrás, todos escavacados. Não os uso para parecer mais nova, uso porque ainda gosto deles.
Se ainda posso ser tratada por menina, é certamente porque não gosto assim muito de crescer. Não tenho nada contra o envelhecer, pelo contrário, até tenho tudo a favor (sinceramente, acho que tenho muito mais piada agora do que há 15 anos atrás, mas isto talvez seja, novamente, só eu a convencer-me). É apenas o crescer que, a partir dos 20 e tal anos, deixou de me interessar. É interessante aprender coisas novas e deixar pessoas novas entrar na nossa vida, mas o crescer em si custa, e não é só o facto de custar - é aborrecido, também.
Deve ser esta imaturidade que ainda me garante algum ar de meninice.
E porém, penso - ar de meninice para quê, se os anos estão lá à mesma? Mais vale andar por aí de saia travada, saltos altos e rebentar com os pés, deitar fora os Converse, esquecer o Dartacão.
Mas isso, só quando eu for grande.
(O mais estúpido deste post é que eu nem sequer suporto homens (ou serão "rapazes"?) que dizem que, independentemente da idade que têm, ainda se consideram "crianças", pequenos rapazinhos, por dentro. Eu nem sequer gosto do Peter Pan. É que é das poucas personagens da Disney à qual eu nunca achei piada nenhuma, nem mesmo quando era pequena. E no entanto.
Contradições e contrariedades, já delas falava o querido Cesário Verde. É assim a vida.)
A minha avó disse-me uma vez, muito sabiamente, que não interessava eu não parecer a idade que tenho, porque os anos estão lá à mesma. Acho que ela tem toda a razão. E isso talvez queira dizer que eu sou apenas "senhora" e já não sou "menina", ainda que de vez em quando consiga enganar as pessoas das lojas porque insisto em usar os meus ténis Converse de há quinze anos atrás, todos escavacados. Não os uso para parecer mais nova, uso porque ainda gosto deles.
Se ainda posso ser tratada por menina, é certamente porque não gosto assim muito de crescer. Não tenho nada contra o envelhecer, pelo contrário, até tenho tudo a favor (sinceramente, acho que tenho muito mais piada agora do que há 15 anos atrás, mas isto talvez seja, novamente, só eu a convencer-me). É apenas o crescer que, a partir dos 20 e tal anos, deixou de me interessar. É interessante aprender coisas novas e deixar pessoas novas entrar na nossa vida, mas o crescer em si custa, e não é só o facto de custar - é aborrecido, também.
Deve ser esta imaturidade que ainda me garante algum ar de meninice.
E porém, penso - ar de meninice para quê, se os anos estão lá à mesma? Mais vale andar por aí de saia travada, saltos altos e rebentar com os pés, deitar fora os Converse, esquecer o Dartacão.
Mas isso, só quando eu for grande.
(O mais estúpido deste post é que eu nem sequer suporto homens (ou serão "rapazes"?) que dizem que, independentemente da idade que têm, ainda se consideram "crianças", pequenos rapazinhos, por dentro. Eu nem sequer gosto do Peter Pan. É que é das poucas personagens da Disney à qual eu nunca achei piada nenhuma, nem mesmo quando era pequena. E no entanto.
Contradições e contrariedades, já delas falava o querido Cesário Verde. É assim a vida.)
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