Há pessoas que não gostam de dentes tortos. Eu gosto.
Há pessoas que nao gostam de narizes grandes. Eu gosto.
Há pessoas que não gostam de cabelos brancos. Eu gosto.
Ha pessoas que ligam à cara, aos olhos, às sardas, ao cabelo. Eu ligo às mãos.
Adoro reparar nas mãos das pessoas. Não é, porém, algo propositado, embora seja consciente - um pré-requisito para que possa medir a atracção das pessoas.
As mãos são extremidades absolutamente fundamentais, e em particular se se tratar de uma pessoa bonita. É que umas más mãos desfazem qualquer carinha laroca. Unhas pequeninas, por exemplo, são pesadelos andantes. Se forem roídas, pior - dão-me uma bola a estrebuchar no estômago. Mesmo que a cara seja angelical, se as unhas forem plataformas moles e húmidas do roído, está tudo estragado. Uma vez, vi uma rapariga no autocarro com as mãos gordurosas porque estava a comer um pacote de batatas fritas. Não faço ideia se a rapariga era bonita ou feia, porque me lembro apenas das pontas dos dedos a reluzir da gordura, com umas unhas mínimas e ratadas, rodeadas por pele gorducha e roliça, com traços de sujidade entranhada nos refegos. Se a jovem não tivesse saído do autocarro antes de mim, estou, até hoje, em crer de que teria de sair eu a meio do percurso, enjoada como fiquei com aquela visão.
Pelo contrário, umas mãos bonitas é tudo o que se precisa para ser bonito. Mãos longas, de unhas sólidas e largas, sem falhas, que acompanhem o comprimento dos dedos, são algo digno de se ver. Mãos seguras, confiantes, daquelas que a gente quer que segurem a nossa própria mão, capazes de fazer gestos largos, abertos, bonitos. Isso é que é.
Sou um tanto ou quanto obcecada, devo dizer. É a primeira coisa para onde olho, quer em homens, quer em mulheres. Gosto de mãos velhas, magras e compridas, com muitos sulcos, rugas, veias, protuberâncias que fazem padrões que podemos contemplar. Conheço as mãos de todos os actores e actrizes de que gosto. Sei, por exemplo, que o Robert DeNiro tem umas mãos lindas. Que as mãos do Edward Norton também não são más. Que as do John Cusack são só mais ou menos (unhas pequenas, embora não roídas), tais como as do Nick Cave, que são apenas medianas (embora o Nick Cave se desenvencilhe bastante bem devido àquele estilo magnético e insuperável que lhe é intrínseco). Que as do Saramago são elegantes e esguias.
Conheço as mãos dos meus amigos, da minha família, dos meus conhecidos, mesmo que eles não o saibam, e as minhas próprias mãos, claro, que não são más, em minha opinião, embora não tão bonitas como as da querida amiga D., por exemplo.
É que, se pensarmos bem, nada há de mais importante do que as mãos. É com elas que nos expomos, que fazemos gestos, que damos festinhas, que apertamos bochechas, que damos bofetadas, isto é, é com as mãos que manifestamos tanto o amor mais emocionante como o ódio mais furioso. Daí que a primeira coisa pela qual me apaixono seja sempre a expressão essencial de uma mão.
Nota para dizer que continuo a achar o Eduardo Mãos-de-Tesoura um docinho, apesar de tudo.
Pelo contrário, umas mãos bonitas é tudo o que se precisa para ser bonito. Mãos longas, de unhas sólidas e largas, sem falhas, que acompanhem o comprimento dos dedos, são algo digno de se ver. Mãos seguras, confiantes, daquelas que a gente quer que segurem a nossa própria mão, capazes de fazer gestos largos, abertos, bonitos. Isso é que é.
Sou um tanto ou quanto obcecada, devo dizer. É a primeira coisa para onde olho, quer em homens, quer em mulheres. Gosto de mãos velhas, magras e compridas, com muitos sulcos, rugas, veias, protuberâncias que fazem padrões que podemos contemplar. Conheço as mãos de todos os actores e actrizes de que gosto. Sei, por exemplo, que o Robert DeNiro tem umas mãos lindas. Que as mãos do Edward Norton também não são más. Que as do John Cusack são só mais ou menos (unhas pequenas, embora não roídas), tais como as do Nick Cave, que são apenas medianas (embora o Nick Cave se desenvencilhe bastante bem devido àquele estilo magnético e insuperável que lhe é intrínseco). Que as do Saramago são elegantes e esguias.
Conheço as mãos dos meus amigos, da minha família, dos meus conhecidos, mesmo que eles não o saibam, e as minhas próprias mãos, claro, que não são más, em minha opinião, embora não tão bonitas como as da querida amiga D., por exemplo.
É que, se pensarmos bem, nada há de mais importante do que as mãos. É com elas que nos expomos, que fazemos gestos, que damos festinhas, que apertamos bochechas, que damos bofetadas, isto é, é com as mãos que manifestamos tanto o amor mais emocionante como o ódio mais furioso. Daí que a primeira coisa pela qual me apaixono seja sempre a expressão essencial de uma mão.
Nota para dizer que continuo a achar o Eduardo Mãos-de-Tesoura um docinho, apesar de tudo.
5 comentários:
Estou com saudades dos teus apertões de bochechas!
:)
Eu acho que só olho para as mãos se preciso de perseguir algum gesto que elas façam, senão, esqueço-me.
Nas pessoas que nos interessam, as mãos, fazem parte de um todo: gravamos todas as particlaridades na memória.
Eu tenho vindo ler-te, Rita!
Vou começar a deixar-te um "olá!"
Olá, Rita F.!
E eu com saudades dessa bochechinhas! :)
Obrigada pelo olá tão simpático, lenor. Olá de volta. :)
É o que se chama um texto muito "manual"! Diz muito! Percebo o ponto de vista, até porque já alguém um dia me tinha falado na importância das mãos, o que para mim foi uma descoberta.
Inevitavelmente vem à memória o célebre poema "Com mãos se faz a paz se faz a guerra/ com mãos tudo se faz e se desfaz..."
Méon, que poema tão bonito... obrigada por o ter referido aqui. Isto é que é qualidade! :)
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