Vi ontem o filme "An Education". Gostei muito, e achei a Carey Mulligan um doce, ao passo que Peter Saarsgard, o seu amante mais velho, estava terrivelmente assustador e seboso, isto é: os actores cumpriram muito bem o seu papel.
Além do filme, gostei também muito de ler aqui o relato da verdadeira história em que o filme se baseia. A jornalista Lynn Barber resume o seu affair meio sórdido, meio desiludido, com um homem mais velho, sedutor mas de pouco encanto, por quem ela nunca se apaixona, que rapidamente a entedia, e que se revela um criminoso untuoso, alguém que provoca desconforto, em quem sabemos não poder confiar. Tudo acaba de uma forma quase trágica - ele é casado, ela tinha desistido de Oxford para se tornar a sua noiva e acaba sozinha, sem noivo nem Oxford. Diz Lynn Barber que a ruptura amorosa não a afectou (nunca se tinha apaixonado por ele), mas que o que a abalou foi ter abandonado a sua própria vida e os seus planos de independência em nome de um homem da má vida que a levava a restaurantes e com quem concordou casar porque os pais lhe disseram que, quando se tem um bom marido, não é preciso ir para a universidade.
Lynn Barber diz também que, apesar do seu longínquo amante mais velho não ter passado de um criminoso que nunca sequer lhe despertou grande paixão, a "educação" que ele lhe deu é fundamental - foi com ele que aprendeu a valorizar outro tipo de homens, homens bondosos, honestos, de confiança. Sem a brutal experiência do "homem malfeitor", talvez nunca apreciasse e acabasse por se apaixonar pelo marido com quem viveu 30 anos, diz ela, este sim, o verdadeiro bom rapazinho.
Eu acho que compreendo bem o que Lynn Barber quer dizer. Há pessoas que parecem deslumbrantes à primeira vista - dinâmicas, atraentes, independentes, de bom gosto - mas que rapidamente se revelam uma imensa desilusão, de tal modo que se tornam entediantes, embaraçosas. O problema é que, se as deixamos entrar na nossa vida, podemos não saber muito bem como as tirar de lá. Mas é apenas quando nos desiludimos desta forma tão profunda que vamos à procura de outro tipo de pessoas, daquelas que nos podem fazer felizes a sério.
É pena que, para encontrarmos qualquer tipo de felicidade na vida, tenhamos primeiro de bater com a cabeça contra o muro com tanta força que nos cresce um galo. Eu tento ter a convicção de que, quando o galo passar, o muro vai abaixo.
Lynn Barber diz também que, apesar do seu longínquo amante mais velho não ter passado de um criminoso que nunca sequer lhe despertou grande paixão, a "educação" que ele lhe deu é fundamental - foi com ele que aprendeu a valorizar outro tipo de homens, homens bondosos, honestos, de confiança. Sem a brutal experiência do "homem malfeitor", talvez nunca apreciasse e acabasse por se apaixonar pelo marido com quem viveu 30 anos, diz ela, este sim, o verdadeiro bom rapazinho.
Eu acho que compreendo bem o que Lynn Barber quer dizer. Há pessoas que parecem deslumbrantes à primeira vista - dinâmicas, atraentes, independentes, de bom gosto - mas que rapidamente se revelam uma imensa desilusão, de tal modo que se tornam entediantes, embaraçosas. O problema é que, se as deixamos entrar na nossa vida, podemos não saber muito bem como as tirar de lá. Mas é apenas quando nos desiludimos desta forma tão profunda que vamos à procura de outro tipo de pessoas, daquelas que nos podem fazer felizes a sério.
É pena que, para encontrarmos qualquer tipo de felicidade na vida, tenhamos primeiro de bater com a cabeça contra o muro com tanta força que nos cresce um galo. Eu tento ter a convicção de que, quando o galo passar, o muro vai abaixo.