Talvez por estar enredada no império do cinema hollywoodesco (que é bastante bom, em minha opinião), devido a anos e anos de visionamente, espero sempre mais de filmes que não sejam americanos. Vou sempre a contar com um filme artístico, actores sensíveis, realizadores informados e empenhados, esquecendo-me de que, tal como no cinema americano, qualquer filme, europeu, asiático ou o que seja, pode ser tão mau como um qualquer Van Damme (que, curiosamente, nem sequer é americano; o Steven Seagal, por seu lado, é americano demais, e o seu rabo-de-cavalo tornou-se já num tal lugar-comum do ridículo que nem sequer me atrevo a dissertar sobre isso). Enfim. Como dizia, vou sempre com grandes expectativas relativamente a filmes que não venham de Hollywood. Os últimos que vi desiludiram-me, porém, levando-me à conclusão de que, hoje em dia, como em tudo na vida, é verdadeiramente difícil, diria até árduo ("árduo" dá aquela ideia de que temos de trabalhar para obter; é uma palavra esplêndida), encontrar originalidade seja onde for.
Bom. Vi o Thirst, de Park Chan-wook, e devo dizer que este filme me enchia de expectativas. Primeiro, porque adorei os filmes anteriores de vi do Park, momemente Lady Vengeance, mas mais especificamente Old Boy, que é uma obra prima. Em segundo lugar, os temas que este realizador normalmente retrata (violência, vinganças, traições, crimes, mistérios, etc.) também me interessam, no sentido em que acho que, normalmente, resultam em grandes filmes.
Mas não foi isso que aconteceu. Thirst não é mau. Também não é brilhante. É, meramente, normal. Transformar as personagens principais em algo que se assemelha a vampiros já começa a ser estafante, mas enfim, a perspectiva de Thirst sobre o vampirismo até é gira. E porém, tudo culmina na mediania. Entristeceu-me, porque quando ouvi falar de Thirst e de Park Chan-wook a fazer um filme sobre vampiros pareceu-me, sinceramente, ouro sobre azul. Mas não, na verdade foi apenas, digamos, latão sobre azul-cueca (que designação deslumbrante) deslavado. Cobre, pronto, para compor. Mas não mais do que isso. No entanto, o poster do filme é bem bonito:
A minha segunda desilusão prende-se com Tony Manero, de cujo brilhantismo só duvidei quando efectivamente vi o filme, tanto mais que este último vinha muitíssimo bem recomendado, repleto de críticas a rebentar de elogios e untuosidades várias. E, de facto, a ideia de retratar a história de um tipo vadio, perdedor e falhado, de cinquenta e tal anos, que vive obcecado com a personagem de John Travolta em Febre de Sábado à Noite, na ditadura chilena, pareceu-me assim gira, gira, gira.
Mas não é. Quer dizer, a ideia, quanto a mim, continua gira, mas o filme é que não é. Irritou-me a forma martelada e quase irresponsável com que, de vez em quando, o filme se lembrava que afinal a acção se passava sob a violência de uma ditadura sanguinária, para mostrar umas pessoas à toa que eram presas ou mortas por distribuir panfletos. Só isso. Li uma crítica que considerava que a personagem principal, ele próprio violento e estéril, seria a personificação da ditadura, mas eu não vou muito nisso. Não me convence. Tony Manero é, infelizmente, pouco original e pouco interessante. Vê-se. Já vi pior. Também já vi melhor.
Ainda bem, porém, que isto aconteceu, para eu aprender de uma vez por todas que não vale a pena querer ser artística, usar óculos de massa e ir ver cinema não americano só porque não é americano. O que interessa é ir ver cinema bom. E isso, felizmente, existe em todo o lado, em todos os países. É conseguir descobrir onde ele está (nota para dizer que nada tenho contra cinema americano, pelo contrário, até - tenho tudo a favor. A maior parte dos meus fimes preferidos é americana, começando logo pelo inesquecível Sunset Boulevard, a doce Annie Hall, etc., etc., etc. ... imagens que ficam e ficarão comigo para sempre. A embelezar os meus pensamentos, que precisam sempre muito de renovações estéticas).
Bom. Vi o Thirst, de Park Chan-wook, e devo dizer que este filme me enchia de expectativas. Primeiro, porque adorei os filmes anteriores de vi do Park, momemente Lady Vengeance, mas mais especificamente Old Boy, que é uma obra prima. Em segundo lugar, os temas que este realizador normalmente retrata (violência, vinganças, traições, crimes, mistérios, etc.) também me interessam, no sentido em que acho que, normalmente, resultam em grandes filmes.
Mas não foi isso que aconteceu. Thirst não é mau. Também não é brilhante. É, meramente, normal. Transformar as personagens principais em algo que se assemelha a vampiros já começa a ser estafante, mas enfim, a perspectiva de Thirst sobre o vampirismo até é gira. E porém, tudo culmina na mediania. Entristeceu-me, porque quando ouvi falar de Thirst e de Park Chan-wook a fazer um filme sobre vampiros pareceu-me, sinceramente, ouro sobre azul. Mas não, na verdade foi apenas, digamos, latão sobre azul-cueca (que designação deslumbrante) deslavado. Cobre, pronto, para compor. Mas não mais do que isso. No entanto, o poster do filme é bem bonito:
A minha segunda desilusão prende-se com Tony Manero, de cujo brilhantismo só duvidei quando efectivamente vi o filme, tanto mais que este último vinha muitíssimo bem recomendado, repleto de críticas a rebentar de elogios e untuosidades várias. E, de facto, a ideia de retratar a história de um tipo vadio, perdedor e falhado, de cinquenta e tal anos, que vive obcecado com a personagem de John Travolta em Febre de Sábado à Noite, na ditadura chilena, pareceu-me assim gira, gira, gira.
Mas não é. Quer dizer, a ideia, quanto a mim, continua gira, mas o filme é que não é. Irritou-me a forma martelada e quase irresponsável com que, de vez em quando, o filme se lembrava que afinal a acção se passava sob a violência de uma ditadura sanguinária, para mostrar umas pessoas à toa que eram presas ou mortas por distribuir panfletos. Só isso. Li uma crítica que considerava que a personagem principal, ele próprio violento e estéril, seria a personificação da ditadura, mas eu não vou muito nisso. Não me convence. Tony Manero é, infelizmente, pouco original e pouco interessante. Vê-se. Já vi pior. Também já vi melhor.
Ainda bem, porém, que isto aconteceu, para eu aprender de uma vez por todas que não vale a pena querer ser artística, usar óculos de massa e ir ver cinema não americano só porque não é americano. O que interessa é ir ver cinema bom. E isso, felizmente, existe em todo o lado, em todos os países. É conseguir descobrir onde ele está (nota para dizer que nada tenho contra cinema americano, pelo contrário, até - tenho tudo a favor. A maior parte dos meus fimes preferidos é americana, começando logo pelo inesquecível Sunset Boulevard, a doce Annie Hall, etc., etc., etc. ... imagens que ficam e ficarão comigo para sempre. A embelezar os meus pensamentos, que precisam sempre muito de renovações estéticas).
3 comentários:
talvez por eu não ter ido ver com qualquer tipo de expectativa relativamente a thirst (só soube mesmo de quem era o filme depois e ainda não tinha ouvido falar sobre ele) gostei mais do que a maioria. a pessoa que veio comigo também ficou desiludida. mas encontrei-lhe pormenores seja a nivel de fotografia ou até na banda sonora, deliciosos.
b'passarinho, e quais foram esses pormenores?
Talvez me tenha escapado alguma coisa, não duvido.
além da fotografia que achei lindissima, há por exemplo um pormenor que me deliciou, quando ela está na loja a vestir-se, coloca-se em frente à porta, onde ao nivel da sua cabeça está, na porta do vidro, um desenho de uma cabeça, então na imagem aparece o corpo dela que acaba no pescoço onde aparece esse desenho no lugar da cabeça dela. Depois quando ela se encontra na rua, quando o padre vai ter com ela - quando lhe dá os sapatos - o enquandramento está fabuloso. As cores, a posição dos corpos, tudo pormenores que me tem vindo a deliciar nestes filmes asiáticos e, mais recentemente nos que tenho visto, dos paises de leste. E acho que de facto a banda sonora está muito bonita, encaixa muito bem.
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