O meu pai fala, às vezes, da atracção pelo abismo, e que é o estranho fenómeno que acontece quando estamos perante uma coisa terrivelmente má, mas da qual não nos conseguimos afastar, de tão intenso é o maléfico e pernicioso desejo de ver o Mal com os nossos próprios olhos. O meu pai, por acaso, viu o Mal quando apanhou na televisão, há imensos anos, um concurso que na altura era medonho mas que hoje, devido ao meritório esforço e trabalho da TVI, seria apenas sofrível, e que se chamava A Amiga Olga.
Bom. Eu sinto esta necessidade do Mal muitas vezes. Por exemplo, estou neste momento a ver um programa sobre casais com filhos pequenos e absolutamente hediondos, que berram, gritam, esganiçam-se, atiram comida para o chão, fazem birra por tudo e por nada, não dormem, não deixam os pais em paz. Por um lado, quase dá vontade de chorar, tal é a pena que se sente pelos pobres e desesperados pais. Por outro lado, não dá pena. Dá vontade de rir, um riso vil e de baixeza inominável, porque não sou eu naquela situação.
É este o efeito do Mal. Por isso é que é o Mal. Torna-nos más pessoas, pelo menos a mim.
Mas continuo muito bem-disposta por não ter a vida daqueles casais com crianças doidas. Posso ter a atracção do abismo, mas não desço às suas profundezas.
Bom. Eu sinto esta necessidade do Mal muitas vezes. Por exemplo, estou neste momento a ver um programa sobre casais com filhos pequenos e absolutamente hediondos, que berram, gritam, esganiçam-se, atiram comida para o chão, fazem birra por tudo e por nada, não dormem, não deixam os pais em paz. Por um lado, quase dá vontade de chorar, tal é a pena que se sente pelos pobres e desesperados pais. Por outro lado, não dá pena. Dá vontade de rir, um riso vil e de baixeza inominável, porque não sou eu naquela situação.
É este o efeito do Mal. Por isso é que é o Mal. Torna-nos más pessoas, pelo menos a mim.
Mas continuo muito bem-disposta por não ter a vida daqueles casais com crianças doidas. Posso ter a atracção do abismo, mas não desço às suas profundezas.
2 comentários:
Que fantástico post.
Estou a ler "As Benevolentes" e cada vez que avanço no livro (é um tijolo) mais me convenço de que o Mal está não entre nós, mas em nós.
Basta uma pequena faísca para ele surgir em toda a sua glória.
Se tiver engenho dentro de meio ano ou mais vou colocar um post sobre o que é aquele livro.
Já agora lembro-me d' A Amiga Olga.
Era fabuloso.
Se tiver paciência no meu blog e graças a algumas edições da revista K vou demonstrar (é facílimo) que conseguimos avançar para trás à velocidade do relâmpago.
Lembro-me da Kapa, achava muita piada.
Vi o post. Andamos para trás. Mas eu gosto de pensar que há momentos em que conseguimos respirar e andar para a frente.
É que, se eu não pensar assim, fico sem conseguir funcionar. É terrível.
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