Por exemplo, há pessoas que gostam de música clássica. E isso, a elas, basta-lhe - tudo o que seja música clássica, elas gostam. Não há um compositor favorito, mais - não há um compositor que detestem. É isto que não acho normal. Se cheirar a música clássica, serve, ouvindo-se, indiferentemente, Stravinsky e Chopin.
Passa-se a mesma coisa com pintura. Há pessoas que apregoam que gostam muito de pintura. Têm pintor favorito? Se sim, é sempre o Dali (inevitavelmente, até enjoa; a mim, Dali não me diz muito, precisamente porque enjoei. Não há outra forma de o explicar). Se não é Dali, gostam de tudo, exceptuando talvez os modernos, que isso de um quadro todo azul não é pintura a sério.
Normalmente, estas pessoas são aquelas que estão sempre a ver notícias na televisão. Curiosamente, quem gosta de tudo é quem não tem, verdadeiramente, grande gosto por nada. Adaptam a personalidade à medida das coisas que vão aparecendo, de modo que nunca conseguem escolher programas na televisão que realmente correspondam aos seus gostos. E por isso é mais fácil deixar a tv ligada no canal das notícias, que sempre dá qualquer coisa de jeito e evita a pessoa ter a maçada de andar a escolher.
Por isso, eu normalmente aprecio mais quem, em primeiro lugar, sabe aquilo de que não gosta; em segundo lugar, nunca por nunca vê chinfrineiras inenarráveis apresentadas por pobres de espírito, tipo Prós e Contras, na ilusão de que está a ser "informado", e lê as notícias no jornal.
Saber do que não se gosta é essencial.
Passa-se a mesma coisa com pintura. Há pessoas que apregoam que gostam muito de pintura. Têm pintor favorito? Se sim, é sempre o Dali (inevitavelmente, até enjoa; a mim, Dali não me diz muito, precisamente porque enjoei. Não há outra forma de o explicar). Se não é Dali, gostam de tudo, exceptuando talvez os modernos, que isso de um quadro todo azul não é pintura a sério.
Normalmente, estas pessoas são aquelas que estão sempre a ver notícias na televisão. Curiosamente, quem gosta de tudo é quem não tem, verdadeiramente, grande gosto por nada. Adaptam a personalidade à medida das coisas que vão aparecendo, de modo que nunca conseguem escolher programas na televisão que realmente correspondam aos seus gostos. E por isso é mais fácil deixar a tv ligada no canal das notícias, que sempre dá qualquer coisa de jeito e evita a pessoa ter a maçada de andar a escolher.
Por isso, eu normalmente aprecio mais quem, em primeiro lugar, sabe aquilo de que não gosta; em segundo lugar, nunca por nunca vê chinfrineiras inenarráveis apresentadas por pobres de espírito, tipo Prós e Contras, na ilusão de que está a ser "informado", e lê as notícias no jornal.
Saber do que não se gosta é essencial.
5 comentários:
Eh, eh. Tá boa, minha cara. Revejo-me no teu post, especialmente porque também não gosto de Dalí. Os desenhos dele são normalmente muito mais interessantes, à luz dos meus olhos, que as pinturas. A técnica dele irrita-me imenso. A razão pela qual as pessoas gostam é porque ele tem uma técnica muito boa, enquanto «realista», vá. Depois as pessoas que até nem conhecem grande coisa de pintura ficam doidas porque ele conjuga os trompe l'oeils com a cacofonia do «surreal».
É por isso que o Magritte também é muito apreciado, mas não tanto quanto o Dalí. E porquê? Porque Magritte é muito mais difícil, porque a ideia do Magritte não era «vale tudo», há muita xixa ali. O Dalí parece-me um surrealista muito mais puro, na medida em que trabalhava mais automaticamente.
O Dalí era aquele pintor que eu e os meus colegas amávamos todos, quando entrámos no 10º ano, escolhendo o agrupamento das artes (nem sei se isso ainda funciona assim, há uns anos era), e o pintor que a maioria de nós (os decentes, pelo menos) já não podíamos ver à frente, quando fomos para a faculdade, porque entretanto já tínhamos conhecido imensas coisas mais. Isto explica bem o que o Dalí significa, para mim.
Bom, o que não significa que não tenha conhecido gente decente que gostasse imenso de Dalí, claro.
Gosto imenso de Dali.
É muito onírico e na minha idade (já sou avô) isso é muito importante.
Também gosto de Magritte mas como já toda a gente conhece a história do cachimbo não dá para impressionar em conversa, o mesmo para o anterior.
Agora quem dá mesmo é aquele do"quadro todo azul.
Nem todos conhecem o Klein e mesmo aos que o conhecem sempre dá para acrescentar que com o quadro ele inventou uma novo cor, exactamente o "azul Klein" ou em círculos mais eruditos o IKB79.
Era o meu sonho, já há o encarnado Benfica se um dia houvesse o encarnado-fado-alexandrino (Efa10), o dez significaria o ano de mais um campeonato, seria a glória.
Como este post se liga ao anterior, já publiquei um ou dois discos de Ute Lemper no meu blog que estão á disposição.
Zé, a mim aconteceu-me exactamente a mesma coisa. Gostava imenso de Dali, e depois deixei de gostar. Quer dizer, não desgosto, mas não ligo muito.
Gosto mais do Margritte nem sei bem porquê. Mas acho que é por não ter pianos e mulheres com cabeça de rosas e coisas assim. Vejo mais conteúdo no Margritte, pelo menos conteúdo que eu aprecie.
Fado, pode ser que cheguemos um dia ao encarnado-fado-alexandrino, eh eh. E pronto, perdemos contra o Liverpool, que para mim até é uma equipa muitíssimo simpática (ver pezinhos no template aqui do blog), mas hoje, contra o verde, esperemos que ganhe o vermelho. Há esperança.
Obrigado.
O efa já está, era a moldura ontem da Catedral. O 10 é um tom um bocadinho mais carregado e está quase, faltam poucas semanas.
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