Sou fã da figura do vampiro, como já escrevi antes. Ainda não me decidi a ver os blockbusters que de vez em quando pululam por aí acerca de vampiros, Crepúsculos, Underworlds, Blades, mas talvez veja, qualquer dia (quero muito ir ver o Deixa-me Entrar, por acaso, e fá-lo-ei assim que tiver tempo). Interessa-me a complexidade do vampiro (sim, é uma figura complexa, não se limita a andar por aí a rasgar veias), a sua marginalidade flagrante e notória rebeldia. Se há figura que vai contra tudo o que é benéfico à sociedade, é o vampiro. Não acho agradável, mas acho interessante.
O zombie é o sucedâneo mais animalesco do vampiro. É, claramente, muitíssimo menos agradável por ser feio e burro, e também por ter muito poucas características humanas, o que torna um bocado impossível que, à semelhança do que fez a Annie Lennox, que escreveu Love Song for a Vampire, nos apaixonemos por um zombie. Mas há gente para tudo.
De qualquer forma, e por falar em zombies, personagens mais aborrecidas do que os vampiros porque mais animalescas, há um filme de zombies que me encanta solenemente, que é The Night of the Living Dead, de George Romero. Em primeiro lugar, é descarada e imediatamente assustador. É assustador desde o primeiro minuto, o que em mim criou uma predisposição para gostar do resto do filme. Há uma cena, logo no princípio, em que o casal que pensamos ser o protagonista vê um homem lento, alto e estranho, aproximar-se vagarosamente. Nós sabemos de imediato que o tal homem é um zombie, e sabemos que o casal, se fugir naquele momento, ainda tem tempo de se salvar, mas como eles não sabem de nada, ficam especados e com a vida desgraçada, porque o zombie não tarda a apanhá-los. E sente-se, assim, o peso da tragédia, em que há uma altura em que é dada a hipótese às personagens de salvarem a própria vida e, estupidamente, acabam por a arruinar.
Tenho alguma consciência de que a forma como estou a descrever Night of the Living Dead faz com que o filme pareça incrivelmente estúpido. Também admito que, em princípio, só terá interesse para alguém que goste do género de terror. Mas The Night... tem coisas verdadeiramente interessantes - um sub-texto, que acaba por tornar-se muito evidente, sobre a cortina de ferro, a paranóia anti-comunista nos Estados Unidos, e, acima de tudo, o medo incontrolável do outro, reflectido externamente pela ameaça da União Soviética, e internamente pelos conflitos raciais violentíssimos que afligiam o país na década de 60. É isso que representam os zombies - o medo, a ameaça irracional, que nós pensamos que os outros constituem.
Não sei porque me lembrei disto agora. Mas lembrei-me e pronto.
É um belo filmito. Eu acho que vale muito a pena ver porque, mesmo que não se goste de filmes de terror, este Living Dead é um clássico.
1 comentário:
Era só para dizer que já há alguns episódios da 2a série do True Blood... :P
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