Gosto muito de ver o Seinfeld. Adoro, adoro. É um programa cheio de verdades sobre a vida, entre elas esta, sobre o casamento e a família, que, nas palavras de Kramer, são:
They're prisons. Man made prisons. You're doing time. You get up in the morning. She's there. You go to sleep at night. She's there. It's like you gotta ask permission to use the bathroom. Is it all right if I use the bathroom now? (...)... and you can forget about watching TV while you're eating. You know why? Because it's dinner time. And you know what you do at dinner? You talk about your day. How was your day today? Did you have a good day today or a bad day today? Well, what kind of day was it? Well, I don't know. How about you? How was your day? It's sad , Jerry. It's a sad state of affairs..
Eu sei que isto é verdade, ou por outra, acredito que seja. Não é que eu goste muito de ver televisão quando estou a jantar - por acaso, até nem gosto. Mas também não gosto de pedir autorização para ir à casa de banho. No entanto, gosto de falar sobre o dia. Contudo, não gosto de o dissecar até à exaustão. Todavia, também não chego ao ponto de considerar que o casamento seja um estado de coisas muito triste. E porém, também não considero que seja o Céu na Terra, se é que isso é possível.
Agora que me faltam conjunções adversativas para continuar o raciocínio, a conclusão a que chego é que o casamento é aquilo que se diz da democracia - o pior de todos os sistemas, à excepção de todos os outros. Quando falha a democracia, passa-se à acção unilateral, como os EUA fazem muitas vezes, e como as pessoas também fazem, quando o casamento falha e se percebe que mais vale só do que mal acompanhado.
Eu acho que qualquer estado civil tem 50% de espectacularidade e 50% de miséria, sendo que o estado civil do casamento em geral, e até do chamado "junto", como as pessoas às vezes gostam de dizer, tem a particularidade de dar ainda mais trabalho do que todos os outros estados civis, e ter trabalho é uma maçada.
Ora acontece que esta conversa é toda muito bonita e muito verdadeira, mas há um pormenor com o qual não se conta, e esse pormenor é que o Corto Maltese pode aparecer assim de repente, e se de facto aparece e pergunta "para sempre?", não estou bem a ver que haja alguém com filosofia que resista. Quer dizer, talvez haja, mas esse alguém não sou eu.
Ora acontece que esta conversa é toda muito bonita e muito verdadeira, mas há um pormenor com o qual não se conta, e esse pormenor é que o Corto Maltese pode aparecer assim de repente, e se de facto aparece e pergunta "para sempre?", não estou bem a ver que haja alguém com filosofia que resista. Quer dizer, talvez haja, mas esse alguém não sou eu.
É que, como dizia o velho Shakespeare, há mais coisas entre o Céu e a Terra do que sonha a nossa vã filosofia. E essas coisas entre o Céu e a Terra, às vezes, justificam loucuras. De modo que o Shakespeare ganha um ponto e o Seinfeld, neste caso específico, perde. Não estava a contar com o Corto Maltese, era o problema dele.
3 comentários:
Pior, pior, é para o que ouve como foi o dia do outro sem ter perguntado nada, quando este só conta o que pode e lhe interessa ser contado.
É tudo mau, é. Quer dizer, está entre o bom e o mau. É tolerável.
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