Este indivíduo, o Jonathan Rhys-Meyers, que entrou no Velvet Goldmine e no Match Point, será bonito? Não tenho muito a certeza. É perfeitinho, não lhe falta nada, mas há aqui qualquer coisa, uma falta de carisma intrínseco, que o torna feio. Porquê? Não consigo explicar, mas por acaso até acho que deviam fazer deste rapaz um case study, porque, sendo objectivamente bonito, na verdade não é. Que estranho.
E tenho verificado isto com muitas pessoas da chamada "vida real". Pessoas objectivamente bem-parecidas, agradáveis ao olhar, para quem olhamos como quem olha para um quadro a óleo muito bem pintadinho: simetria, equilíbrio, geometria perfeita, harmonia irresistível nas expressões faciais, nos movimentos. Mas depois há ali qualquer coisa que não bate certo, que falha. A beleza perfeita faz-se normalmente acompanhar por uma limpeza asséptica que parece destruir qualquer defeito, e isso não tem piada nenhuma. Acho que o equivalente a pessoas perfeitinhas como este Jonathan é isto:
Este quadro parece bonito, mas na verdade é feio. Tudo aqui bate certo, a luz, os verdinhos, a casinha, todos os inhos são um mimo. Mas, estranhamente, este quadro é, na verdade, feio. Há um qualquer desvio aqui, uma coisa completamente desprovida de carácter, de originalidade, que o torna profundamente feio, embora, objectivamente, o quadro seja bonito. Eu acho que esta característica desprovida de carácter e de originalidade deve-se ao facto de o quadro ser, na verdade, uma grande piroseira. De modo que, e voltando ao que escrevi num post anterior, aquilo que é verdadeiramente bonito está na imperfeição. A perfeição é, na sua maior parte, pirosa.
E isto tanto vale para a pintura como para as pessoas, acho eu.
3 comentários:
Previsível, sossegado, bom para ir para lá com uma cana de pesca mesmo que não tenha peixes.
idem (ao post, não ao comentário anterior)
ai, finalmente alguém com quem partilhar a opinião. o problema desse jonathan é que alem dessa perfeição que provoca nauseas, tudo nele me faz lembrar uma mulher. agora, não é que as mulheres me provoquem nauseas, gosto muito de mulheres, não tanto muito provavelmente como gosto de homens, mas sou da opinião que, um homem quer-se como me ensinaram como eles eram. sem as metrosexualidades da moda, sem as depilações (oh deus, as depilações nos homens!), e depois olho para esse sujeito e para aqueles lábios que a meu ver lembram lábios de brochista, e não sei.. coiso.
e aquela ultima parte, sobre a beleza estar nas imperfeições... idem, não poderia estar mais de acordo. esses pormenores, as imperfeições, é exactamente isso.
fiquei muito contente com este post, obrigada.
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