terça-feira, 26 de janeiro de 2010

We are beautiful, no matter what they say...

A sério que não sei muito bem o que é "ser bonito". Não vou recorrer ao velho lugar-comum de quem o feio ama, bonito lhe parece, e que a beleza é relativa, e isto e aquilo, embora me pareçam absolutamente verdadeiros. Porém, a beleza, pura e simplesmente, parece-me impossível de determinar. Por exemplo:


Este indivíduo, o Jonathan Rhys-Meyers, que entrou no Velvet Goldmine e no Match Point, será bonito? Não tenho muito a certeza. É perfeitinho, não lhe falta nada, mas há aqui qualquer coisa, uma falta de carisma intrínseco, que o torna feio. Porquê? Não consigo explicar, mas por acaso até acho que deviam fazer deste rapaz um case study, porque, sendo objectivamente bonito, na verdade não é. Que estranho.
E tenho verificado isto com muitas pessoas da chamada "vida real". Pessoas objectivamente bem-parecidas, agradáveis ao olhar, para quem olhamos como quem olha para um quadro a óleo muito bem pintadinho: simetria, equilíbrio, geometria perfeita, harmonia irresistível nas expressões faciais, nos movimentos. Mas depois há ali qualquer coisa que não bate certo, que falha. A beleza perfeita faz-se normalmente acompanhar por uma limpeza asséptica que parece destruir qualquer defeito, e isso não tem piada nenhuma. Acho que o equivalente a pessoas perfeitinhas como este Jonathan é isto:


Este quadro parece bonito, mas na verdade é feio. Tudo aqui bate certo, a luz, os verdinhos, a casinha, todos os inhos são um mimo. Mas, estranhamente, este quadro é, na verdade, feio. Há um qualquer desvio aqui, uma coisa completamente desprovida de carácter, de originalidade, que o torna profundamente feio, embora, objectivamente, o quadro seja bonito. Eu acho que esta característica desprovida de carácter e de originalidade deve-se ao facto de o quadro ser, na verdade, uma grande piroseira. De modo que, e voltando ao que escrevi num post anterior, aquilo que é verdadeiramente bonito está na imperfeição. A perfeição é, na sua maior parte, pirosa.
E isto tanto vale para a pintura como para as pessoas, acho eu.

3 comentários:

lenor disse...

Previsível, sossegado, bom para ir para lá com uma cana de pesca mesmo que não tenha peixes.

Anónimo disse...

idem (ao post, não ao comentário anterior)

betânia liberato disse...

ai, finalmente alguém com quem partilhar a opinião. o problema desse jonathan é que alem dessa perfeição que provoca nauseas, tudo nele me faz lembrar uma mulher. agora, não é que as mulheres me provoquem nauseas, gosto muito de mulheres, não tanto muito provavelmente como gosto de homens, mas sou da opinião que, um homem quer-se como me ensinaram como eles eram. sem as metrosexualidades da moda, sem as depilações (oh deus, as depilações nos homens!), e depois olho para esse sujeito e para aqueles lábios que a meu ver lembram lábios de brochista, e não sei.. coiso.

e aquela ultima parte, sobre a beleza estar nas imperfeições... idem, não poderia estar mais de acordo. esses pormenores, as imperfeições, é exactamente isso.

fiquei muito contente com este post, obrigada.