The past is a foreign country. They do things differently there.
Esta frase parece-me sempre ainda mais verdadeira, sábia e icónica em dias como os de hoje, frios, relativamente tristes, e que incluem emails deste tal passado. O mesmo passado que se diz estar morto e enterrado, e aqui está uma outra frase muitíssimo verdadeira, também - o passado, de facto, morreu e foi enterrado. E nada torna este lugar-comum mais verdadeiro do que o reencontro com pessoas do passado. É penoso perceber que o minúsculo, mas importante, mundo que, um dia, uniu algumas pessoas - amigos, amantes, o que seja - ruiu, acabou, afundou-se e não vai voltar a erguer-se. Pura e simplesmente, desintegrou-se na memória. É ainda mais penoso assistir ao espectáculo encenado pelas pessoas que não percebem isso e querem à força avivar memórias indiferentes, frias, puxar uma brasa que já não existe, que nunca vai voltar a aquecer, que morreu para sempre.
E é também doloroso perceber que esta tristeza que nos preenche ao assistir ao tal espectáculo, à brasa que morreu, às pessoas que ainda se afadigam, pateticamente, de volta de um monte de cinzas mortas, rapidamente dá lugar à indiferença.
Cada vez me convenço mais, a la Woody Allen, e como já escrevi antes, que as memórias são algo que se perde e não algo que se tem.
E, como também já uma vez escrevi, reitero um verso de Leonard Cohen que calha mesmo bem aqui, para terminar tanta melancolia barata - that's all, I don't think of you that often.
2 comentários:
Lá que era uma brasa era...ahahah! É um mundo ao qual já pertencemos, é preciso saber olhá-lo com um certo distanciamento, mas não o apagar pois ele já existiu, e ainda bem que existiu pois é ele que nos faz crescer. Bom..., é sempre mais fácil plantar milho na Farm do Face...
Isto é que é um comentário a transbordar de sensatez, minha Di! Talvez um dia eu alcance a tua lucidez, um dia, talvez, com muito esforço... :)
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