Bom, depois de aturado estudo sobre os "traumatismos" da identidade portuguesa, tal como são designados por Eduardo Lourenço, ocorreu-me que haveria uma forma relativamente fácil de resolver a velha questão dos portugueses que vivem tão mal consigo próprios: arranjar um Morrissey e uma banda como os Smith, mas em português.
Os Smiths fizeram com que os ingleses se sentissem bem com a sua inalienável inaptitude - fizeram com que a solidão, a incapacidade de arranjar namorada/o, ser feio, não ser sociável, ser tímido, usar óculos, ter maus dentes, ser desajeitado, ser branquinho e nunca conseguir apanhar bronze, fosse cool. A partir do momento em que há uma banda que vem publicamente cantar (e cantar bem, ainda por cima) que todos os problemas que nos atormentam são, na verdade, a matéria de que os sonhos e a arte são feitos, tudo passa a estar bem. Com o "advento" dos Smith, a juventude inglesa resolveu o conflito interior que mantinha com a sua nacionalidade e consigo própria.
Visto isto, o que eu proponho é que se arranje uma banda, aqui e agora, neste país, que seja como os Smith, mas em versão portuguesa - os Silva. Os Silva podiam ter um vocalista com um nome meio estranho ("Morriqueiro", por exemplo), para contrastar com a vulgaridade da designação da banda, e podiam cantar canções sobre: ser endividado,/a ser baixo/a, ser gordo/a, ter barriga de cerveja, andar sempre a enganar a namorada/o, ter muitos filhos, casar muito novo/a,não acordar a horas, o stress de fazer sempre tudo à última da hora (algo que provoca uma fracturante crise existencial), comer bifanas, espanhóis, etc. Se aparecer alguma banda que consiga transformar todos estes "traumatimos" numa identidade absolutamente atraente e cool, todos os nossos problemas pluri-geracionais estarão de imediato resolvidos.
Podiam cantar uma canção assim, por exemplo:
Eu sou filho e herdeiro
De muito pouca timidez
É quase criminoso
Os meus pais dão-me dinheiro
E eu vou e gasto-o todo
Tu cala-te, mas é
E não te ponhas a criticar
pois eu sou apenas humano, né
Quero tanto alguém para amar,
coisas assim deste estilo.
É esta a minha proposta e a minha solução para a psicanálise do destino português. Espero que todos gostem e que resulte. Um muito obrigado.
How Soon is Now - The Smiths (o vídeo dá para ver no YouTube mas não dá para incorporar;tem de ficar apenas esta amostra foleira).
Visto isto, o que eu proponho é que se arranje uma banda, aqui e agora, neste país, que seja como os Smith, mas em versão portuguesa - os Silva. Os Silva podiam ter um vocalista com um nome meio estranho ("Morriqueiro", por exemplo), para contrastar com a vulgaridade da designação da banda, e podiam cantar canções sobre: ser endividado,/a ser baixo/a, ser gordo/a, ter barriga de cerveja, andar sempre a enganar a namorada/o, ter muitos filhos, casar muito novo/a,não acordar a horas, o stress de fazer sempre tudo à última da hora (algo que provoca uma fracturante crise existencial), comer bifanas, espanhóis, etc. Se aparecer alguma banda que consiga transformar todos estes "traumatimos" numa identidade absolutamente atraente e cool, todos os nossos problemas pluri-geracionais estarão de imediato resolvidos.
Podiam cantar uma canção assim, por exemplo:
Eu sou filho e herdeiro
De muito pouca timidez
É quase criminoso
Os meus pais dão-me dinheiro
E eu vou e gasto-o todo
Tu cala-te, mas é
E não te ponhas a criticar
pois eu sou apenas humano, né
Quero tanto alguém para amar,
coisas assim deste estilo.
É esta a minha proposta e a minha solução para a psicanálise do destino português. Espero que todos gostem e que resulte. Um muito obrigado.
How Soon is Now - The Smiths (o vídeo dá para ver no YouTube mas não dá para incorporar;tem de ficar apenas esta amostra foleira).
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