sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Mais ou menos, tipo, assim e tal, eu não... acho que não

Não resisto a "roubar" este vídeo aqui do Da Literatura. A Oprah dá uma entrevista e diz "I'm not a lesbian, I'm not even kind of lesbian".
Pronto, há pessoas que têm necessidade de afirmar coisas. Coisas assim em geral. A Oprah é uma destas pessoas. Aquilo que eu gostava de ver esclarecido é: qual é a diferença entre ser lésbica e "kind of lesbian", que eu presumo que se possa traduzir em português por "mais ou menos lésbica" ou "tipo lésbica"? É que eu estou aqui a esforçar-me e devo confessar que já me encontro num certo estado nervoso, porque realmente eu tinha ideia de saber o que é uma pessoa heterossexual e uma pessoa lésbica, mas agora mais ou menos lésbica é que nunca me tinha ocorrido, de modo que fico assim desorientada. Este novo conceito obriga-me a repensar uma série de coisas, coisas profundas, que têm a ver com a identidade de uma pessoa - olha agora se eu de repente descubro que afinal sou mais ou menos lésbica? O que é que eu vou dizer ao "tal"? Para se ir embora? E como é que eu posso descobrir, se nem sei o que é? E será que há pessoas que são "kind of straight", não o sendo completamente, e são totalmente lésbicas, e, inversamente, pessoas "kind of lesbians" mas completamente heterossexuais? Quantas combinações é que este vasto leque para o qual a Oprah veio chamar a minha atenção permite, afinal?
Estou apreensiva. Gostava que a Oprah me explicasse o que quis dizer, a sério que gostava. É que as ramificações disto são imensas, e se formos a pensar nas ramificações legais, que agora se levantam, como casamentos e isso, meu Deus. Todo um admirável mundo novo a legislar, a precisar de direitos novinhos em folha, provavelmente até constitucionais e tudo e ui, a trabalheira que vai ser agora o parlamento a embrulhar-se numa revisão constitucional, até o FMI há-de ficar com os cabelos em pé, e eles que já devem ter visto de tudo. 
Esta Oprah só sabe é criar confusão. E depois põe-se a chorar sem explicar nada. Oprah, flor, vai ao médico e trata-te. Resolve lá essa cabecinha.

9 comentários:

purpurina disse...

eu não tive paciência para ver o vídeo, mas estas coisas dos graus de bissexualidade não são novas (nem estranhas): http://en.wikipedia.org/wiki/Kinsey_Scale

:)

lenor disse...

Deve ter dito que não é nem nunca há-de ser para tirar definitivamente as esperanças às interessadas e interessados.
:)))

Tolan disse...

Há as lésbicas (Ellen Degeneres). Há outras totalmente straights.

há algumas mulheres (pérolas raras) que são sobretudo straight mas também lésbicas.

Penso que o que a Oprah queria dizer naquele contexto é que nem tinha tendências lésbicas. Uma gaja pode ser straight na prática (ou assexuada) mas ter assim umas tendências meio lésbicas. O que acho é que ela tem, a forma como falou da amiga e o facto de não ter nunca um homem, é muito "kind of lesbian" :)) mas acho que ninguém tem a porra a ver com isso e são os media que espalham esses boatos.

Ana disse...

Eu acho que ela quer dizer que nunca teve pulsões lésbicas, que me parece que não é o mesmo que ser lésbica. Há pessoas completamente hetero que, numa altura ou outra da vida, terão tido vontade ou curiosidade de experimentar. Parece-me que é isso que ela está a dizer, que nunca teve essa vontade. Talvez o preciosismo seja desnecessário, mas no caso dos EUA, e lembrando o Bill Clinton, tornou-se necessário não deixar uma ponta de dúvida. Se ela dissesse "não sou lésbica" e mais nada não faltariam pessoas a dizer "mas isso não quer dizer que não tenha tido uma experiência ou outra!".
O que me causa mais perplexidade no meio disto tudo é esta obsessão dos americanos pela vida íntima dos famosos. Não consigo mesmo perceber.
(E, já agora, consta que ela tem um parceiro há mais de 20 anos.)

fado alexandrino. disse...

Peço desculpa, vejo que todos os comentários são de senhoras/meninas e assim é com receio que um homem dá a sua opinião.
É simples.
É bom que seja lésbica porque salvo pelo dinheiro não há homem que queira aquele pacote de banhas com aquela prosápia.
Está dito.

Anónimo disse...

Dei comigo a pensar que secalhar I'm kind of lesbian e nunca me tinha ocorrido definir-me assim. Já fui beijada por uma mulher numa discoteca straight em Amesterdão e as mulheres parecem reparar mais em mim que os homens...
E sou aquele tipo de gaja que repara nas amigas, que olha e aprecia o corpo da amiga e que mais depressa se imagina a ter sexo com a amiga do que com o marido dela...
A maioria dos maridos delas estão carecas, barrigudos, desinteressantes e de olhar porco.
Elas mantêm-se sexys, cuidam-se, vestem-se bem, cheiram bem, são charmosas e inteligentes.

Rita F. disse...

Ok, tudo bem, na verdade não me interessa muito o que a Oprah é ou não é ou se as pessoas podem ser mais ou menos qualquer coisa. Até acho que provavelmente podem e são e ainda bem, maravilhas do ser humano. Mas irritou-me um bocado esta necessidadezinha de vir esclarecer que não é lésbica nem sequer mais ou menos, como se fosse uma coisa do outro mundo ou muito importante ou como se alguém tivesse alguma coisa a ver com isso.
É que eu sou má pessoa e esta Oprah irrita-me.

josépacheco disse...

depois de tantos comentários de senhoras a explicar o não-lesbianismo da oprah, e de uo de um homem com medo de se pronunciar, quero aproveitar a deixa para me confessar. sou homem e julgo que sou a kind of lesbian.

fado alexandrino. disse...

Dude, somos dois lesbians eu também só gosto de mulheres.