Tenho pensado na velhice, e deve-se este facto não à minha idade (apesar desta começar já a ser para o avançada), mas à constatação de que a juventude nunca me atraiu muito. Não tenho saudades nenhumas da adolescência, por exemplo, que para mim não passa da saída atordoada de um desconfortável casulo. É bem melhor viver livre e estender longas asas de borboleta fora do tal casulo (estou poética, hoje); também tenho pouquíssimas saudades dos vinte e picos anos, prolongamento da adolescência, em que ainda se vive com incertezas em relação a tudo e todos. É preciso chegar a uma certa idade para mandar a incerteza passear, acho eu, e é por isso que a velhice tem um carisma interessante. Quanto mais velho se é, mais coisas e mais pessoas podemos mandar passear, o que me parece extremamente conveniente e até atraente.
A juventude tal como é personificada em fáceis e rebeldes personagens do cinema, aka James Dean, não deixa de ter os seus aspectos sedutores. James Dean e seus sucedâneos são bonitos, não têm rugas, e encarnam uma certa liberdade incontida que talvez possa ser também designada por rebeldia. Gosto muito de rebeldes, com ou sem causa, mas prefiro, sem dúvida, o rebelde velho ao novo. O rebelde velho teve tempo para amadurecer a rebeldia no Fiat Punto; o rebelde novo estampa-se num Porsche prateado. A diferença é essa.
Esteticamente, a velhice também bate a juventude aos pontos porque, sejamos francos, rostos imberbes de sorriso perfeito como o Leonardo DiCaprio, que não consegue perder o ar de rapazinho de calções por mais papéis de polícia que faça, já deram o que tinham a dar. São chatos, entediantes, todos iguais, como os quadros do Andy Warhol. O mesmo não se poderá dizer de gente mais velha, com mais marcas e rugas na pele, sorrisos mais pesados, um olhar mais cheio. São mais feios, mas mais interessantes, como o Leonard Cohen, com quem eu casava já hoje se ele me pedisse.
O Sylvain Chomet, que fez Les Triplettes de Belleville, um filme de que gosto muitíssimo, explicou numa entrevista que tinha decidido que a sua protagonista fosse velha porque, como desenhador, lhe interessava muito mais o desafio das rugas, das manchas, dos cabelos brancos, do andar, enfim, das características físicas da velhice, do que a perfeição limpa da juventude. Gostei muitíssimo deste comentário.
Quem é jovem, que aproveite; a força e a criatividade da juventude são inegáveis. A velhice, porém, traz consigo uma determinada pinta, uma determinada coolness que é de apreciar (os exemplos óbvios de George Clooney, Cary Grant, Fanny Ardant, L. Cohen - nunca é demais reiterar o Leonard- e outros de que não me lembro, mostram bem isto). Inegavelmente.
A juventude tal como é personificada em fáceis e rebeldes personagens do cinema, aka James Dean, não deixa de ter os seus aspectos sedutores. James Dean e seus sucedâneos são bonitos, não têm rugas, e encarnam uma certa liberdade incontida que talvez possa ser também designada por rebeldia. Gosto muito de rebeldes, com ou sem causa, mas prefiro, sem dúvida, o rebelde velho ao novo. O rebelde velho teve tempo para amadurecer a rebeldia no Fiat Punto; o rebelde novo estampa-se num Porsche prateado. A diferença é essa.
Esteticamente, a velhice também bate a juventude aos pontos porque, sejamos francos, rostos imberbes de sorriso perfeito como o Leonardo DiCaprio, que não consegue perder o ar de rapazinho de calções por mais papéis de polícia que faça, já deram o que tinham a dar. São chatos, entediantes, todos iguais, como os quadros do Andy Warhol. O mesmo não se poderá dizer de gente mais velha, com mais marcas e rugas na pele, sorrisos mais pesados, um olhar mais cheio. São mais feios, mas mais interessantes, como o Leonard Cohen, com quem eu casava já hoje se ele me pedisse.
O Sylvain Chomet, que fez Les Triplettes de Belleville, um filme de que gosto muitíssimo, explicou numa entrevista que tinha decidido que a sua protagonista fosse velha porque, como desenhador, lhe interessava muito mais o desafio das rugas, das manchas, dos cabelos brancos, do andar, enfim, das características físicas da velhice, do que a perfeição limpa da juventude. Gostei muitíssimo deste comentário.
Quem é jovem, que aproveite; a força e a criatividade da juventude são inegáveis. A velhice, porém, traz consigo uma determinada pinta, uma determinada coolness que é de apreciar (os exemplos óbvios de George Clooney, Cary Grant, Fanny Ardant, L. Cohen - nunca é demais reiterar o Leonard- e outros de que não me lembro, mostram bem isto). Inegavelmente.
3 comentários:
A expressão definidora do passar de jovenzinho a velho é ser uma pessoa "com uma certa idade". Porque as pessoas que têm "uma certa idade", deixam de ter idade para fazer "certas" coisas.
Ficaste até ao fim das Triplettes, ou saíste antes dos créditos finais (mesmo muito finais)?
Acho que saí antes dos créditos muito finais, mas tenho o DVd. Anything I should know?
Quanto a mim, é mais uma questão de ter "uma certa idade" para poder fazer "certas coisas". É mais isso, diria eu. Por isso é que eu quero mesmo chegar à fase de "ter uma certa idade", se é que não cheguei já. :)
Acho que havia uma piquena sequência no fim. Com o DVD é fácil de lá chegar.
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