sexta-feira, 8 de maio de 2009

The Bonfire of the Vanities



Este livro é fabulosamente bom. Estou "maravilhada", como dizia o outro.


Passa-se na Nova Iorque dos anos 80, numa cidade que já não existe. Para já, o World Trade Center, ainda na glória das torres gémeas, a fervilhar de genuínos yuppies, na flor da idade e já a fazer milhões ao ano, a comprar apartamentos de 300 assoalhadas em Park Avenue; Nova Iorque é ainda uma cidade suja, oleosa, perigosa e insegura, onde tudo fora de Manhattan é um mar de crime e ilegalidade. Não conheço Nova Iorque, mas sei que já não é completamente assim - tornou-se numa das cidades mais seguras do mundo; zonas anteriormente marginais e sujas como Brooklyn e o Bronx tornam-se, cada vez mais, áreas "da moda", onde as rendas aumentam de ano para ano; até TriBeCa, que agora é uma zona toda in, é descrita neste livro como deprimente e esquálida. Enfim, qualquer um percebe bem que as coisas mudaram bastante desde os anos 80, e por isso podia afirmar-se que este Fogueira das Vaidades é um livro datado.


Mas não é. Arrepia ler o retrato incrivelmente bem escrito de uma ganância sem limites, de uma verdadeira máquina destinada pura e simplesmente a fazer dinheiro, onde o infeliz Sherman McCoy, uma das personagens mais importantes do livro, descobre com sofrimento, após uma década de glória como investment banker, não ser mais do que uma dispensável peça. Ele que pensava ser o dono do Universo... ooooh.


Nenhuma das personagens deste livro, nem o impecável Sherman McCoy de Park Avenue, nem o judeu complexado e procurador público Kramer, nem o pusilânime e bêbedo jornalista Peter Fallow, é boa pessoa. Nenhum ser ou entidade que povoa o mundo nova-iorquino apresenta qualquer réstia de moral, bons princípios ou o que quer que se pareça com altruísmo.


O que estou verdadeiramente a gostar é a forma como o narrador é tão duro com as personagens, como as desmascara sem piedade, até cruelmente, mas sem nunca perder o sentido de humor. As personagens são julgadas e castigadas porque o narrador goza literalmente com elas e desmascara o seu ridículo - é cruel, mas muitíssimo engraçado.


Vale muito a pena, este livrinho. Talvez escreva mais sobre ele quando acabar de ler. Quem já tiver visto o filme e pensar que o livro não presta por o filme ser execrável, saibam que não é verdade. Eu vi o filme há anos e detestei, e à partida não queria ler o livro, mas houve uma alma caridosa que me disse que, se não lesse, era parva. E ainda bem que mudei de ideias, pois este Bonfire of the Vanities é mesmo do melhor. Principalmente agora, nestes tempos de crise e de derrocada de bancos, seguradoras e quejandos guardiões do nosso capital, vale mesmo muito a pena ler este livro e perceber que não está assim tão datado.

1 comentário:

ecila disse...

Mais um livro a comprar, agucaste o meu apetite ;-)