Há uma pessoa com a qual embirro, apesar de não a conhecer de lado nenhum, e que é a Gwyneth Paltrow. Em primeiro lugar, é bonita, mas deslavada - há pessoas assim, estranhamente; esteticamente, são agradáveis ao olhar, mas há algo ali a que falta sal. Sem sal, não se vai a lado nenhum, e eu, ainda por cima, sou salgadiça, preciso de sal no pão, no tomate, na saladinha e etc.
Em segundo lugar, não é grande actriz. Quer dizer, também não é má, mas pronto, não é carne nem peixe, como diz o Gogol daquele homem que desata a comprar almas mortas. Isto de não ser nem carne nem peixe convém a certas profissões, como por exemplo contabilista, empregado das finanças, vendedor de loja de artigos de desporto, empregado de agência de viagens, entre outras actividades. Mas a actividade de actriz não se conta entra estas respeitáveis profissões que precisam de gente anódina, pelo contrário - um actor tem de ser para a frentex, como se diz. A Gwyneth, lamentavelmente, não é.
Em terceiro lugar, a mesma Gwyneth tem aquele ar de menina perfeitinha, sempre bem penteadinha, sempre bem vestidinha, sempre sorridentezinha, sempre com ar de quem nunca partiu, ou partirá, um prato. As pessoas perfeitas são terrivelmente esquisitas, tenebrosas - o sorriso que muda com as estações do ano, tal como a roupa que vestem, o cabelo sempre cuidadosamente no lugar, e o pior de tudo, sempre a palavra certa para a pessoa certa, sem nunca falhar. O tipo de meninas que nunca sujava as mãos na escola, nem no recreio nem a pintar com marcadores. Brrrr.
Para confirmar a sua perfeição, a Gwyneth tem um blogue espectacular, que pode ser consultado aqui. É uma beleza imperdível, a lojinha de queijos em Londres, porque nada na vida é melhor do que um bom queijo e um bom vinho, claro, os melhores petiscos para fazer piqueniques no dia do casamento real, livros que ensinam a ser o melhor pai ou mãe possível (ao que parece, este livro conseguiu que uma das amigas da Gwyneth "voltasse a gostar dos filhos"), as melhores escolas para os meninos, os melhores produtos para a pele, super biológicos, claro, tudo coisas assim com estilo. Coisas perfeitas, com a singularidade de serem coisas que se podem comprar. Quem diria que a felicidade, que o estilo de vida perfeito, era afinal tão fácil, tão simples, tão arrumadinho, à distância de um simples cartão de crédito, como a Gwyneth explica no seu blogue?
Aaah... sinto-me tão bem comigo mesma depois de saber que há gente assim no mundo. É que me sinto bem.
2 comentários:
Subscrevo. Mas, ainda assim, gosto muito do "Sliding Doors".
sempre achei isso dela, mas dps de a ver no Glee passei a achar que era -5% sem sal que antes
Enviar um comentário