domingo, 12 de junho de 2011

A dieta

Há pessoas que fazem o sacrifício da dieta, coisa respeitável, e há outras, como eu, que fazem o sacrifício de não fazer dieta, o que ainda é mais respeitável; isto porque as primeiras olham para as natas, o chocolate, o croissant, e pensam "ah, não posso comer", e as segundas olham para as mesmas natas, chocolate, croissant, e dizem "ah, não posso comer, mas vou comer". É terrível e angustiante - sabemos estar face à possibilidade do mal, numa encruzilhada em que verdadeiramente podemos escolher entre o bom caminho e o mau caminho, e fazemos o terrível e consciente sacrifício de escolher o mau caminho. É muito kierkegaardiano e filosófico, este sacrifício de que falo - o ser humano é confrontado com a possibilidade de escolher o mal, e vai e escolhe mesmo o mal, quando podia perfeitamente escolher o bem. 
E porque é que se escolhe o mal? Porque se sofre, encetando-se assim um processo de catarse ou redenção, que eu ainda não descobri muito bem como se alcança, mas que com certeza se alcança ao fazer o sacrifício, sublinho sacrifício, de comer croissants, pão de ló, bacalhau com natas, chocolate, pão, batata frita. É este tipo de calvário purificante que quem faz dieta não compreende. As pessoas que fazem o sacrifício de não fazer dieta são, portanto, moralmente mais maduras. Estão noutro plano.
O meu bem-haja a todas estas pessoas. De modo que o meu conselho para o Verão é: não façam dieta, que os biquinis reflectirão o vosso recomendável sacrifício.
Fim.

2 comentários:

Espiral disse...

Ah ah ah. Eu concordo. O não fazer dieta é um sofrimento. Vou ali buscar um gelado de chocolate e já venho =)

RBM disse...

Era disto que eu precisava, de alguém que falasse de Kierkegaard para me fazer sentir reencontrada com a minha culpa. Bem-haja para ti também :)