sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Pessoa de raça peixeira

Foi com a campanha eleitoral, e mais propriamente há cinco minutos, que me apercebi de que há uma "raça" de pessoas em Portugal que tem sido ignorada e, provavelmente, bastante desrespeitada por não ter sido, sequer, reconhecida como "raça" e não ser alvo de qualquer protecção que a salvaguarde de ataques racistas. É que, de facto, e segundo aquilo que o Dr Paulo Portas me ensinou, além das pessoas de etnias que não a portuguesa, tais como os indivíduos de raça negra, ou indianos, ou pessoas da Europa de Leste, há uma outra "raça", provavelmente muito discriminada, a viver em Portugal, que são "as peixeiras". Há, precisamente, cinco minutos, apareceu o Dr Portas no telejornal a criticar o Dr Francisco Louçã (a profusão de títulos honoríficos neste post é a minha veia portuguesa a pulsar, que respeitinho é bonito, e quem tem estudos tem direito a ser doutor e pronto), dizia, o Dr Portas criticava o Dr Louçã, dizendo:
"As pessoas que trabalham com o peixe são trabalhadores como outros quaisquer e, quando vocês jantam bom peixe, alguém o arranjou. E é extraordinário o Dr Francisco Louçã dizer que não frequenta as peixeiras. E depois o racista sou eu!" (ispsis verbis, cortesia das novas tecnologias televisivas que permitem fazer pausa e pôr para a frente e para trás como se fosse no vídeo).
Fiquei, assim, elucidada sobre esta raça de pessoas que são as peixeiras, que são pessoas que se podem frequentar, pessoas que devem andar por aí em hordas, nos seus bairros, nas suas casas, e que se definem por aquela raça de ser humano que trabalha com o peixe. Mas não vale a pena encetar qualquer campanha tipo SOS Racismo, ou Todos Diferentes, Todos Iguais, porque também fiquei esclarecida sobre isso - as pessoas peixeiras são trabalhadores como outros quaisquer. Deve ser por isso que não devemos ser racistas e devemos ir frequentá-los.
Esta campanha eleitoral tem-me ensinado tanta coisa, tanta coisa, que eu até estou aturdida. É que é muito triste viver num país e perceber que há estas raças de pessoas que cá vivem cuja existência eu desconhecia. Nós a pensar que conhecemos um país e depois é isto.

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