sexta-feira, 3 de abril de 2009

Pilha Duracel


Vale muito, muito, muitíssimo a pena, este espectáculo, o que não surpreende, porque normalmente a Cornucópia arrasa. Só hoje descobri que A Tempestade sobe à cena no Teatro do Bairro Alto como parte de um ciclo apropriadamente chamado "A Caverna do Mágico" e convenientemente iniciado com a peça de Pirandello "Os Gigantes da Montanha", que também tive a sorte de ver, e que é um ciclo dedicado às relações da arte com a vida, ou à reflexão sobre o Teatro como forma de conhecer e transformar a realidade, como se explica no site da Cornucópia. Portanto, é aproveitar e ir ver, que é um grande espectáculo.

O que me deslumbra sempre é a maravilha do texto de Shakespeare. Dura, dura, e dura e não há tempo que consiga causar erosão, embora para isso também tenha ajudado a excelente tradução. A mim, pelo menos, pareceu-me muitíssimo boa, apesar de já ter lido A Tempestade há não sei quantos anos e não me lembrar bem do texto. Lembro-me, porém, que é um texto com deslumbres tais como o lindo "we are such stuff as dreams are made on" e o discurso final de Prospero, em que a ilusão do teatro e da ficção se confunde com a vida, e em que Prospero se dirige directamente à audiência, pedindo a redenção do aplauso, que acaba por servir os dois lados - As you from crimes would pardon'd be, let your indulgence set me free.

Resta-me averiguar a questão da Miranda, que na peça está muito ingenuazinha e pequenina, e eu tinha ideia de ser uma personagem mais intelectualmente forte, mais independente e conhecedora, na peça.

De resto, lin-do.

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