sábado, 12 de fevereiro de 2011

Não consigo evitar, estas coisas irritam-me

Uma extensa crítica, quando tudo se resume a uma afirmação inicial, que até tem piada, por um escritor que até tem piada: 


Da mesma forma, poderia eu dizer que escrever isto sobre os Coen não só é crítica já batida e lugar-comum (repete-se sempre que os Coen lançam um filme novo, à excepção de No Country...), como é a ideia que uma pessoa apenas moderamente esperta tem do que deve ser uma crítica muitíssimo inteligente a estes irmãos. 
Não sei porquê, lembro-me de ser adolescente e de ter constatado que, de repente, os Stone Temple Pilots tinham deixado de ser muitíssimo bons para passarem a ser apenas "medianos" ou até, pura e simplesmente, "medíocres". Nunca percebi bem como se deu a mudança. Há coisas que a crítica às vezes convenciona e que depois se disseminam incendiariamente, e vai a carneirada toda atrás. Tudo bem, um dos meus ditos preferidos da língua portuguesa é "cada um é como cada qual", seguido daquilo que a mãe do Diácono Remédios costumava dizer sobre as opiniões, e portanto todos nós temos direito a gostar, ou deixar de gostar, das coisas.
Mas esta crítica permanente aos Coen agasta-me, porque me parece injusta. É verdade que fazem filmitos que não interessam muito - lembro-me, por exemplo, de LadyKillers, que nem sequer consegui ver. The Hudsucker Proxy foi outro que também não consegui acabar de ver, porque me aborreceu. Intolerable Cruelty também não entusiasma ninguém. Mas, inversamente, a (relativa) frieza com que Oh Brother Where Art Thou é acolhido, ou ainda mais flagrantemente, The Man Who Wasn't There, é algo que me deixa atónita. Este último, parece-me, é de uma beleza inegável sob todos os aspectos. Mas enfim.
Quanto a mim, espero ansiosamente pela estreia de True Grit (só o trailer, com aquela música do Johnny Cash, já me deixa aos pulos na cadeira). Se não gostar, não gosto, paciência, mas não será isso que me vai impedir de continuar a apreciar, muitíssimo e sempre, coisas como Blood Simple, Barton Fink, Fargo, Raising Arizona, Oh Brother..., The Man Who Wasn't There, o fundamental Big Lebowski. De modo que sim, eu, uma pessoa moderamente esperta, tem efectivamente a convicção de que os Coen não são apenas aquilo que "auteurs" americanos devem ser, como tem igualmente a convicção de que os Coen são aquilo que autores de cinema devem ser, americanos ou não. Fim. 

4 comentários:

fado alexandrino. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
fado alexandrino. disse...

Fizeram algumas coisas muito boas (Fargo, Barton Fink, Arizona Jumior) e outros que tiveram muita fama.

Detestei este True Grit que aliás só vi até meio. É possível que goste, o inglês é do mais arrevezado possível.

O anterior comentátio foi apagado porque tinha erros

Tolan disse...

Gosto dos gajos, os seus filmes oscilam entre merda e obra prima, como outro de que gosto muito e é mal amado, o Spielberg (embora muito diferente) e continuam sempre inconsistentes, ao contrário do Tim Burton que já nos habituou a fazer merda atrás de merda. Há sempre uma ironia por detrás de todo o cinema deles, uma ironia macabra, às vezes a piada é apenas um filme mau e palerma. Mas penso que nunca fizeram nada de pretensio.

Rita F. disse...

Ai, Fado, espero que desta vez não tenha razão... tenho tanta vontade de ir ver o filmito!

Tolan, concordo com tudo (Spielberg incluido), à excepção do Tim Burton. Continuo a gostar dele. Até da Alice, que toda a gente detestou, eu gostei - estava à espera de infinitamente melhor, é verdade, mas gostei. Só me pareceu horrível terem dado tão pouco tempo ao Christopher Lee, que fazia a voz do Jabberwockqualquer coisa. É um filme tipo Disney, pronto, mas divertiu-me, embora faça pouca justiça ao Lewis Carrol e a coisas excelentes que o Burton já fez.
Quanto aos Coen, é isso - não me consigo lembrar de nada pretensioso que tenham feito. Algumas coisas que fizeram são melhores que outras e é isso.