terça-feira, 28 de setembro de 2010

Não chora, colabora.

Mais tarde ou mais cedo, a sociedade apanha-nos. 
Por mais que a pessoa cultive um certo estilo de vida à bicho-do-mato, livrando-se de certas chatices, há um momento na vida em que as coisas acontecem e, de facto, a força da ordem social faz aquilo que a Máfia fez ao Al Pacino no Padrinho III, just when I thought I was out, they pull me back in! O Al Pacino, por acaso, estava mesmo agastado com esta evidência incontestável. A inevitabilidade da comunidade.
Com as devidas distâncias, eu sinto o mesmo. Penso que toda a gente deve passar por algo semelhante, mais tarde ou mais cedo. A declaração de IRS sempre foi, para mim, um indicador de que a sociedade, o sistema, se tinha instalado na minha vida para ficar. E depois outros indicadores se juntaram.
E agora olha, o que é que eu hei-de fazer, eu que não tenho ensejo nem desejo de me tornar marginal nem deliquente mas, ao mesmo tempo, também não acalento o desiderato de ceder a festinhas de anos, reuniões, cumprimentar na rua e isso assim? Posso continuar a fazer um esforço por escrever coisas como "desiderato", palavra que sempre me agradou desde que a descobri. E "agastado" também me apraz.
A língua portuguesa consola-me. E se a sociedade e a instituição forem o preço a pagar por alguma felicidade e bem-estar, eu digo sim. Não chora, colabora.Tal como o Al Pacino. Que, por acaso, no fim do Padrinho III até chorou, mas também, ele era um mariquinhas, não é.

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