sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Arrumações


Vou hoje começar uma tarefa épica, e que é re-organizar e re-arrumar a minha estante. O problema é que, neste momento, a estante é um mar de incongruências que me enervam, porque não gosto de ver livros em locais onde eles não fazem sentido. Por exemplo, tenho o Livro de Cesário Verde junto de umas edições muito foleiras do Guerra e Paz, daquelas da Europa-América com uma fotografia na capa de uma série de televisão dos anos 80 manhosa, e provavelmente com o texto traduzido do francês. É atroz, é um desrespeito para o Cesário e além disso dificulta-me a vida, porque, apesar de a minha estante não ser assim tão grande, não consigo encontrar os livros que quero com a eficiência necessária (noutro dia, por exemplo, até pensei que tinha perdido a Filosofia da Alcova do grande Marquês de Sade, e eu que gosto tanto do Divino Marquês, apenas para descobrir que não, afinal estava para lá metido entre as irmãs Brontë e o Shakespeare - embora, pensando nisso, talvez até faça algum sentido. Tenho ideia de que o Marquês de Sade apreciaria as malucas das irmãzinhas Brontë, se as tivesse conhecido).
De modo que decidi mudar esta grave situação, começar de novo e re-organizar a estante. Sinto-me um verdadeiro John Cusack no Alta Fidelidade (no caso dele, eram discos), e estou agora a ponderar os critérios que deverão presidir à re-organização dos livros. John Cusack optou pelo critério autobiográfico, que, em princípio, vai ser o critério que eu vou seguir também. Em vez de arrumar livros por género literário, vou socializar com os meus livros e arrumá-los pela ordem em que eles entraram na minha vida. Parece-me uma coisa muito acertada, não obstante ter perdido e emprestado livros importantíssimos. Mas isso também faz parte dos livros, perderem-se, emprestarem-se, andarem de mão em mão como as pombinhas da Catrina.
Acho que vou deixar espaços vazios na estante para os livros que perdi. Não tenho pena, porque sei que eles andam por aí.

2 comentários:

lenor disse...

Se não abríssemos os livros, as estantes arrumavam-se mais depressa. Adeus, até segunda feira.

Rita F. disse...

Se não tivéssemos livros, as estantes arrumavam-se ainda mais depressa. :)